O SMC organizou nesta quinta-feira (8) uma mobilização de trabalhadores e comunidade de Pinhais, devido a uma denúncia contra a Indústria Metalúrgica Dani Ltda, empresa que trabalha na fabricação e montagem de bateria automotiva.
 
A mobilização é fruto de diversas denúncias indicando que os metalúrgicos da indústria estariam sendo contaminados com chumbo, decorrente ao trabalho exercido na empresa, que é acusada de demitir tais funcionários para não arcar com custos financeiros dos encargos.
 
Nas palavras do diretor do SMC, Paulo Pissinini, “houve cerca de quatro denúncias feitas, afirmando que a empresa demitiu trabalhadores sem que fosse feito o exame médico que medisse o grau de contaminação do funcionário”.
 
O diretor completa que o número de pessoas que enfrentam tais problemas é maior, “já que existem trabalhadores recentes não são associados ao sindicato e também que ainda não tenham carteira assinada e não reivindicam seus direitos”.
 
De acordo com o diretor, houve também o caso de um funcionário que veio a óbito recentemente, após uma infecção generalizada. “Suspeita-se que estava com baixa imunidade, devido à contaminação com o chumbo”, explica.
 
Comunidade apóia
Quem também passa a se queixar da fábrica é a comunidade. Durante mobilização realizada no dia 30 de abril, houve diversas queixas contra a Indústria Dani. “A comunidade cita o problema da fumaça, principalmente em frente e atrás da empresa, pois existe um forno, na queima do produto químico que edixa um cheiro ruim e aumenta o risco de contaminação”, diz Paulo Pissinini.
 
Investigação
Atualmente, é reivindicada uma investigação aprofundada sobre os métodos de trabalho dentro dessa indústria, além de exames para medir o grau de contaminação tanto dos funcionários, quanto das pessoas residentes na região.
 
O sindicato está pressionando entidades como a Vigilância Sanitária e a prefeitura de Pinhais para que tomem tal medida. “Estamos comprometidos com a população em lutar pela causa. Porém não tivemos resultados positivos com as entidades procuradas”,conta o diretor do Simec.
 
Contaminação
Entre as vias de contaminação por chumbo, está a inalação de resíduos e a ingestão, principal causa entre os funcionários de metalúrgicas, que pela exposição ocupacional ao material, podem transportar poeira de chumbo do local de trabalho para casa através de roupas, sapatos, cabelos e pele.
 
De acordo com o Médico do Trabalho contratado pela Simec, Zuher Handar, “diariamente estamos recebendo metalúrgicos da Dani, suspeitos de contaminação”, explica.
 
Os riscos à saúde decorrentes da exposição ocupacional ou ambiental ao chumbo são conhecidos por afetarem praticamente todos os sistemas do organismo. Entre os sintomas indicados pelo médico Zuher Handar, existem “queixas de cansaço e fraqueza no corpo e dependendo do nível de contaminação, a pessoa vai chegar a ter uma dor abdominal, uma cólica, dor no estomago”. Os sintomas da intoxicação podem ser tratados com a interrupção da exposição ao metal e a prevenção deve ocorrer a partir da redução da exposição excessiva ao chumbo.
 
A partir das suspeitas, alguns metalúrgicos que apresentam sintomas de contaminação por chumbo estão fazendo seus exames de Plumbemia, que mede a dosagem de chumbo no organismo, para então, poder realizar seus tratamentos. De acordo com o médico, “existem trabalhadores com níveis elevados de contaminação por chumbo”.
 
Estima-se que o chumbo seja utilizado em mais de 200 processos industriais diferentes com destaque para a produção de baterias automotivas.
 

Sintomas e sinais mais freqüentemente associados à intoxicação por chumbo segundo a gravidade da intoxicação

Cerca de 95% do chumbo que penetra no organismo é eliminado através das fezes e da transpiração. Os restantes 5% vão rapidamente para os ossos e tecidos moles.