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Aumentar a cooperação para aumentar a luta por mais direitos: É a conclusão do Seminário Internacional de Organização Sindical

Durante dois dias, sindicalistas americanos e brasileiros debateram os problemas enfrentados pelos trabalhadores dos dois países

Aumentar a cooperação para fortalecer luta dos trabalhadores em âmbito mundial! Para isso é preciso que as organizações sindicais de todo o mundo intensifiquem a luta através de mais ações em conjunto, fortaleçam a comunicação entre as entre si e realizem mais seminários internacionais para aumentar  o debate e fortalecer as parcerias Essa foi a conclusão do Seminário Internacional de Organização Sindical  Brasil/EUA, que aconteceu, em São José dos Pinhais (PR), nesta quinta (12) e sexta feira (13). O evento, organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba e pelo Sindicato americano UAW, teve por objetivo trocar experiências de luta e traçar estratégias de ação ante os desafios impostos aos trabalhadores dos dois países atualmente, principalmente após a eclosão da Crise Financeira Mundial, em 2008.

Há partir das analises das lutas e dificuldades encontradas pelos trabalhadores dos dois países, se verificou muita coisa em comum como a união do capital para desestabilizar e enfraquecer as organizações dos trabalhadores através de práticas antissindicais como a perseguição a dirigentes sindicais na fábrica, a utilização do poder judiciário para atacar e engessar os movimentos trabalhistas, a utilização da mídia para criar uma imagem negativa das organizações sindicais, as questões de gênero e suas desigualdades, terceirizados, entre outros.

“Hoje o capital, principalmente as multinacionais, se organiza de maneira global visando combater a organização dos trabalhadores. Por isso, é necessário que também as entidades sindicais tanto do Brasil como de outros países estejam unificadas para lutar contra essa ofensiva também de maneira global”, ressaltou o presidente do SMC, Sérgio Butka.

“Os desafios mostram que não estamos sozinhos, pois são desafios em comum. É preciso que os trabalhadores do mundo todo estejam unidos pois o trabalho sindical em outras partes do mundo é mais duro e penoso até que no EUA. Por isso, esse dialogo que tivemos nos fez entender as diferenças e  os desafios que existem e como podemos trabalhar para superar isso”, disse Ray Curry - Diretor da UAW representante dos Estados do SUL e SUDESTE dos EUA.

Fortalecer a cooperação
Dessa forma, após dois dias de debate intenso, chegou-se a conclusão que é preciso intensificar ainda mais a parceira e cooperação entre os trabalhadores dos dois países. Um dos exemplos práticos citados durante o seminário para o combate às práticas antissindicais da empresa foi a luta organizada entre os sindicatos dos EUA e do Brasil pela reintegração dos trabalhadores americanos Calvin Moore e Chip Wells, demitidos em 2013 da fábrica da Nissan, no estado americano do Mississipi, por lutarem por mais direitos. Através dos protestos dos metalúrgicos nas fábricas  da empresa no Brasil (Rio de Janeiro e Paraná), a multinacional recuou em sua perseguição aos dois  trabalhadores.

Responsabilizar as multinacionais por violações aos direitos humanos
A criação de uma instância internacional onde se possa responsabilizar as multinacionais  pelas violações aos direitos humanos foi uma das sugestões dada pela promotora pública do trabalho do Paraná, dra. Margaret Matos de Carvalho, um adas palestrantes do evento:
“Quis fazer uma provocação! Diariamente, os direitos trabalhistas são desrespeitados  pelas multinacionais, que deixam seus países de origem para transgredir esses direitos em outros. Dessa forma, sugiro a criação as instância para que essas empresas sejam responsabilizadas perante a comunidade internacional pelas irregularidades cometidas contra os trabalhadores em qualquer país em que estejam”, afirmou a promotora.

Stanley Gacek, Diretor Adjunto na OIT Brasil,  dissertou sobre as normas da OIT em relação as práticas antissindicais e como o movimento trabalhista pode utilizar dessas normas acionando as jurisprudências nacionais.

“Mostrei as convenções ratificadas pelo Brasil relativas a essa questão e como essas normas podem ser utilizadas pelo movimento sindical no Brasil para tentar aprofundar ainda mais essa força vinculante das normas.  Em  termos de diretos internacionais, uma norma que for ratificada numa Convenção da OIT, tem por força vinculante obrigar o estado membro a cumpri-la em todo os sentidos,  com todo o conteúdo que essa norma possui, obrigando tanto o poder judiciário como as jurisprudências a segui-la. Além disso, pode-se pressionar os outros poderes e respeitar o assinado pelo país.  

Kristyne Peter, diretora de relações internacionais  da UAW,  falou sobre as alianças globais da entidade, citando também o caso dos americanos demitidos da Nissan e a reação do movimento trabalhista internacional.

“Minha apresentação foi sobre como nós  podemos complementar os processos de organização e de negociação coletiva que já estão em existencia, utilizando as alianças globais. Preferi usar o caos da Nissan, pela grande repercussão de causou. O que podemos fazer quando a Nissan se recusa a obedecer acordos, por exemplo? Podemos pressionar mobilizando nossos parceiros globais, agindo junto”, resumiu Kristyne

Aposentados, mulheres e terceirizados
Além da organização internacional, temas específicos levando-se em conta outros segmentos do movimento trabalhista também foram debatidos.
Paulo Zanetti, diretor do Sindicato Nacional dos Aposentados no Brasil (Sindinap) falou sobre as dificuldades encontradas por aposentados brasileiros e americanos.
“O problema é o mesmo: a remuneração: Aqui temos o Fator Previdenciário que diminui os benefícios. Nos Estados Unidos eles tem uma outra sistemática, mas que é igualmente prejudicial aos aposentados de lá. Ou seja, somos afligidos pelo mesmo mal. Por isso, temos que esta unidos para buscar soluções para essas e outras questões referentes aos aposentados dos dois países”, relatou Zanetti.

A vice presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), Mônica Veloso, debateu a questão de gênero e as diferenças ainda existentes entre homens e mulheres no  mercado de trabalho.

“É preciso pensar as alianças de solidariedade global, encaixando a situação das mulheres no mercado de trabalho neste contexto.  Infelizmente, a desigualdade salarial, o assédio sexual, a falta de oportunidades iguais são questões globais e dessa forma devem ser enfrentados também globalmente”,  disse Mônica.

O Diretor de Organização Sindical da SEIU, o Sindicato de trabalhadores do setor de serviços dos EUA,  Joe Simões, relatou os problemas enfrentados pelos terceirizados.

“Baixos salários, alta rotatividade, redução de direitos, esse são alguns  dos problemas que se abatem sobre os trabalhadores terceirizados. Mais da metade dos associados do SEIU são terceirizados.  Falei um pouco da experiência desses trabalhadores nos EUA e dos desafios do SEIU para lutar por mais direitos para eles. É importante que os Sindicatos entendam que existem maneiras de organizar os terceirizados, pois é um problema que aflige trabalhadores do mundo inteiro”, resumiu Joe.

Estender o trabalho na sociedade
Além do trabalho sindical nas fábricas, o Seminário também debateu a necessidade dos Sindicatos estenderem suas ações para as lutas nas comunidades. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (GO), Carlos Albino, falou sobre a experiência que o Sindicato, que tem apenas dez anos, desenvolve na no município:

“Quando nosso Sindicato surgiu, não era visto com bons olhos pela população. Porém, a partir do momento em que começamos a nos aprofundar, agir e reivindicar solução também para os problemas enfrentados pela comunidade, passamos a ser vistos como parceiros. Devido esse trabalho, hoje nosso Sindicato é respeitado na cidade tendo inclusive elegido diretores nossos para cargos públicos”, disse Albino.

Mark Haasis, diretor de Organização Nacional da UAW, também mostrou o trabalho desenvolvido pela UAW junto a sociedade. Para ele, esse é um movimento que ajuda a trazer o trabalhador para a luta sindical.

“O trabalho que fazemos na comunidade é importante porque ajuda a trazer  e integrar a comunidade nas nossas lutas dentro das fábricas. É uma forma de fortalecer o nosso trabalho e imagem na sociedade”, resumiu Mark.

Moção de repúdio contra a Bosch
Os delegados do Seminário Internacional de Organização Sindical, realizado pelo SMC em conjunto com o UAW, em São José dos Pinhais,  nos últimos dias 12 e 13 de março,   lançaram uma moção de repúdio contra Bosch.  Após o relato das práticas antissindicais que a empresa tem promovido na fábrica de Curitiba, a moção foi aprovada por unanimidade, com os participantes se comprometendo a denunciar nas suas bases e países as arbitrariedades praticadas pela empresa contra os trabalhadores.


Sindicatos do Brasil todo participaram do evento
Participam do evento lideranças sindicais de todo o Brasil, como os presidentes  e diretores dos sindicatos de metalúrgicos de Gravataí (RS), Volta Redonda (RJ), Catalão (GO), Anapólis (GO), Londrina (PR), Maringá (PR), Paranaguá (PR), Irati (PR) e Cascavel (PR), além do Ministério Público do Trabalho.

Seminário foi transmitido ao vivo pela MetalTV
Em mais uma ação pioneira dentro do sindicalismo brasileiro, a MetalTV, a tv online dos metalúrgicos da Grande Curitiba, transmitiu o evento ao vivo para o mundo inteiro.

Confira abaixo o material utilizado pelos  palestrantes

Compartilhando experiências Brasil X EUA

Greve dos trabalhadores do setor de autopeças por reconhecimento do Sindicato

Ferramentas para campanhas globais

Campanhas estratégicas - A perspectiva da UAW

UAW General History

SEIU - Sindicato Internacional de Trabalhadores de Serviços




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