Votação derruba proposta de redução salarial da Bosch
Após mais de dois meses sofrendo pressão e assédio moral, os metalúrgicos da Bosch deram o seu recado, de maneira transparente e democrática, sobre a proposta da empresa de redução salarial e de jornada, sem garantia de emprego. Em votação secreta realizada em porta de fábrica na segunda-feira, dia 2, a grande maioria dos Boscheanos rejeitou a proposta de corte nos salários, por 63% a 37%. Se forem considerados só os funcionários da produção, o placar foi ainda maior: 77% a 23%. Todos os trabalhadores do 1º, 2º e 3º turnos participaram, além dos funcionários administrativos.
Após a reprovação, os metalúrgicos deram prazo de 48 para e empresa retirar a proposta. E foi exatamente isso que ocorreu. Hoje, dia 4, a Bosch reconheceu a derrota e abortou a tentativa de redução salarial. “Prevaleceu a democracia. Sem assembléia irregular convocada pela empresa e sem chefes filmando e fiscalizando o voto do trabalhador, os Boscheanos disseram não à proposta de flexibilização de direitos”, afirma o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), Sérgio Butka. A votação que rejeitou a proposta foi feita via escrutínio secreto.
Alegando “crise de produção”, a Bosch pretendia reduzir os salários e jornada de trabalho dos metalúrgicos, sem dar nenhuma garantia de emprego. Tentou de tudo para “convencer” os trabalhadores a aceitar a proposta. Chegou ao cúmulo de realizar assembléia sem a presença do Sindicato, com cinegrafistas filmando e chefias fiscalizando o voto do trabalhador. É claro que não valeu nada.
A Bosch também não apresentou os balanços contábeis para comprovar sua dificuldade financeira, conforme manda a Lei Federal 4.923/65.
Sem pressão, os trabalhadores votaram, democraticamente, e rejeitaram a tentativa de flexibilização de direitos. Com isso, os salários e demais direitos dos trabalhadores estão mantidos. Assunto encerrado.
Confira abaixo o histórico dessa luta contra a redução de salários na Bosch:
08/12/08 - Reação às demissões
Na primeira semana de dezembro, a Bosch demitiu 250 trabalhadores de uma só vez. Em reação, o Sindicato anuncia em coletiva de imprensa que não vai mais homologar rescisões de contrato sem que antes as empresas justifiquem porque estão demitindo.
28/01/2009 – Metalúrgicos rejeitam corte de salários
Em assembléia, os metalúrgicos da Bosch concordam que o Sindicato não deve negociar redução salarial com a empresa.
29/01/2009 – Denúncia ao Ministério Público
Em reação ao fato da Bosch passar a assediar moralmente os trabalhadores visando a redução salarial, o Sindicato protocola denúncia contra a empresa no Ministério Público do Trabalho.
02/02/2009 – 1ª Audiência no Ministério Público
Perante o Ministério Público, a Bosch se compromete, como manda a Lei, a apresentar seu Balanço Financeiro para poder discutir redução salarial. O prazo dado para isso foi 11 de fevereiro. A empresa se compromete também a parar com o assédio moral.
11/02/2009 – Empresa não apresenta balanço financeiro
Ao invés de apresentar seu Balanço Financeiro, como combinado, a Bosch apresenta somente os resumos dos faturamentos mensais de 2008, o que não comprova nada.
18/02/2009 – “Abaixo assinado” para reduzir salários
Tentando impor a redução nos salários de todas as formas, a Bosch usa as mãos das chefias para correr um abaixo-assinado na fábrica, dizendo que ele seria usado para convocar o SMC para uma assembléia.
19/02/2009 – Assembléia irregular
Sem a presença do Sindicato, a Bosch usa o abaixo-assinado para ela mesma realizar uma assembléia, dentro da fábrica, na qual força votação favorável à redução filmando os trabalhadores e os intimando por meio de chefias. No mesmo dia, em reunião com o Sindicato no Ministério Público, a empresa rejeita a idéia de implantar o banco de horas negativo.
26/02/08 – Trabalhadores dizem “chega!”
Cansados de terrorismo, pressão e assédio, os boscheanos decidem dar um basta na situação. Em assembléias realizadas pelo SMC, eles dão 48 horas para a empresa abortar a tentativa de reduzir salários, sob pena de realizar paralisações e greve.
02/03/2009 – Votação rejeita redução
Em votação secreta realizada em porta de fábrica, a grande maioria dos trabalhadores reprovou a proposta de redução de salários: 63% a 37%. Contando só o chão de fábrica, o resultado foi ainda maior: 77% a 23%. Metalúrgicos dão prazo de 48h para a Bosch retirar proposta.
04/03/2009 – Bosch reconhece derrota e aborta tentativa de redução
Após a maciça reprovação da proposta, Bosch reconhece a derrota e aborta a redução de salários e jornada. Direitos do trabalhador não serão flexibilizados.
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