Em audiência no TRT, Sindicato apresenta proposta e aguarda resposta da Bosch
Nesta terça-feira (30), às 9h, em audiência no Tribunal Regional do Trabalho, em Curitiba, os representantes do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) apresentaram à Bosch a proposta aprovada ontem em assembléia, que prevê readmissão dos 826 demitidos e garantia de um ano de estabilidade para todos os trabalhadores da planta. A empresa comprometeu-se a estudar e retornar com uma resposta, possivelmente hoje, aos trabalhadores.
Independente disso, amanhã, às 5h, os boscheanos realizam assembléia para dar encaminhamento à mobilização iniciada ontem, com paralisação de 48 horas. Hoje a produção permaneceu parada. A grande maioria dos trabalhadores, apesar de receber telefonemas de “convocação” das chefias, nem chegou a ir para a fábrica. Também nesta quarta-feira, às 14h30, ocorre a segunda audiência de conciliação no Ministério Público do Trabalho. Já na quinta-feira, às 9h, acontece e terceira audiência no Tribunal Regional do Trabalho.
Audiência de hoje
Durante a audiência de hoje no TRT, os representantes da empresa tentaram desqualificar a proposta dos trabalhadores com um subterfúgio jurídico, dizendo que ela era um “novo objeto” na discussão e defendendo a idéia de que a audiência deveria restringir-se apenas ao caso dos demitidos. Entretanto, a procuradora que representou o Ministério Público do Trabalho na audiência, Thereza Cristina Gosmel, derrubou essa tese enfatizando que é natural que haja temor entre aqueles que permanecem empregados – “pois viram centenas de colegas serem demitidos de uma hora para outra, sem critério” - e que, sendo assim, é legítimo que se discuta a situação deles também.
A procuradora do trabalho criticou a falta de critério da Bosch nas dispensas. “Vi a lista dos demitidos e notei que realmente tem pessoas com 30, 31 anos de casa. Por que demitir de uma hora para outra uma pessoa que serviu tantos anos para a empresa?” Thereza Gosmel afirmou que, “de forma mais transparente”, a empresa deveria ter buscado um diálogo com o Sindicato antes de demitir. “Isso tornaria a situação bem menos traumática e reduziria consideravelmente os danos sociais da medida”. Ao sugerir a possibilidade do lay-off – redução temporária do contrato de trabalho – e ouvir como resposta da Bosch o argumento de que isso “não seria bom para os trabalhadores”, a procuradora foi enfática: “seria bom que vocês deixassem os próprios trabalhadores decidir o que é melhor para eles”.
O desembargador Luiz Eduardo Gunther, que presidiu a audiência, fez uma comparação com nações mais avançadas para também criticar a forma como as demissões foram feitas. “Se fosse em um país como a Alemanha, a empresa teria que primeiro discutir com os trabalhadores a melhor forma de dar encaminhamento”.
Cadê o “balanço contábil”?
Os representantes do Sindicato lembraram que até agora, diferente do prometido, a Bosch não apresentou os balancetes financeiros e contábeis, documento que efetivamente comprovaria a “dificuldade financeira” alegada pela Bosch na mesa de negociação.
O que foi dito na audiência de hoje no TRT
“De forma mais transparente, a Bosch deveria ter dialogado com o Sindicato antes de demitir. Isso tornaria a situação bem menos traumática e reduziria consideravelmente os danos sociais da medida” - Thereza Cristina Gosmel, procuradora que representou o Ministério Público do Trabalho na audiência de hoje
“Se fosse em um outro país, como na Alemanha, a empresa teria que discutir antes com os trabalhadores a forma de dar encaminhamento na situação” - Luiz Eduardo Gunther, desembargador que presidiu a audiência e vice-presidente do TRT
“Seria bom que vocês (a Bosch) deixassem os próprios trabalhadores decidir o que é melhor para eles” - Thereza Cristina Gosmel, procuradora que representou o Ministério Público do Trabalho na audiência de hoje, criticando o fato da Bosch recusar o lay-off por presumir que “isso não seria bom para os trabalhadores”
Comentários
José Mauricio Mocellin
30 de junho de 2009
Comente esta notícia