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GM Gravataí adia de novo volta à produção e realça problema de suprimentos

Após ao menos três adiamentos da data de retorno à produção na fábrica de Gravataí (RS), paralisada por falta de componentes eletrônicos desde março passado, na semana passada a General Motors comunicou aos empregados da unidade que o retorno ao trabalho previsto para 3 de agosto foi novamente postergado, desta vez para o dia 16 do mesmo mês, em somente em um turno. A longa paralisação sem precedentes, prevista no momento para alcançar cinco meses e meio, já custou a perda de liderança de mercado, eleva prejuízos e realça problemas graves na cadeia de suprimentos da GM no Brasil, maiores que o de todos os concorrentes juntos e da própria empresa no exterior.

O problema da falta de semicondutores na indústria automotiva é global e vem paralisando fábricas em todo o mundo, mas até o momento nenhuma montadora no Brasil ou no exterior precisou parar por tantos meses para recompor estoques de semicondutores. É inegável que a GM Brasil tem problemas maiores em sua cadeia de fornecimento, inclusive na comparação com outras fábricas do grupo na América do Norte, que também sofreram interrupções, mas por tempo menor.

A paralisação por período tão longo em Gravataí da produção do Onix, que por cinco anos e até poucos meses atrás foi o carro mais vendido do País, vem causando tensões na relação entre a fabricante e os concessionários Chevrolet, que alegam escassez extrema de produtos para vender. Em uma das reuniões na empresa, distribuidores levantaram a questão que o departamento internacional de compras da GM, que coordena a aquisição global de componentes, estaria desviando os itens que estão em falta para outras fábricas do grupo, especialmente no México, onde são produzidos veículos de maior valor agregado.
 

GM NEGA “DESVIOS” DE COMPONENTES


 

Consultada sobre o possível desbalanceamento de sua cadeia produtiva, obrigando a empresa a privilegiar certas unidades no mundo, a GM negou que exista qualquer desvio de componentes para outras fábricas em detrimento da operação brasileira, mas confirmou que as compras de semicondutores são globais.

A pedido de Automotive Business, a empresa encaminhou o seguinte posicionamento: “Assim como as fábricas da GM no Brasil que sofreram impactos na produção em decorrência da escassez de peças, outras unidades em diversas localidades da montadora também tiveram interrupções. Entre elas, as duas fábricas do México, além de plantas nos Estados Unidos, Canadá e Coreia. A estratégia de alocação de peças da GM é global e leva em consideração diversos fatores. Dentro deste cenário, é importante ressaltar que não houve ‘desvio de fornecimento de componentes em falta’ para outras unidades da companhia localizadas no México. A GM segue trabalhando com seus fornecedores para retomar a produção regular o mais rápido possível”, diz o comunicado.

No entanto, não foi encaminhada nenhuma explicação adicional para justificar a paralisação por tanto tempo da fábrica gaúcha. A GM segue sustentando que a suspensão de atividades em Gravataí decorre do mesmo problema global enfrentado por todos os fabricantes: “A cadeia de suprimentos da indústria automotiva tem sido impactada pelas paradas de produção durante a pandemia e pela recuperação do mercado mais rápida que o esperado. Isso está afetando de forma temporária nosso cronograma de produção no Brasil e no mundo. Em virtude disso, a produção na fábrica de Gravataí está paralisada desde 5 abril e retornará no dia 16 de agosto em um turno”, diz a empresa. (Nota da redação: a GM não considera as férias coletivas concedidas em março como parte da paralisação da unidade.)

Em uma recente operação de comunicação para amenizar o dano de imagem e justificar a paralisação da produção por tanto tempo, a GM alegou que a nova geração da linha Onix (hatch e sedã), lançada no segundo semestre de 2019, tem o dobro de semicondutores embarcados em comparação a outros compactos produzidos no Brasil. Segundo a empresa, “o novo Onix chega a ter aproximadamente 1.000 semicondutores e sistemas integrados espalhados por quase 20 módulos, até o dobro da quantidade encontrada em outros modelos da mesma categoria”. Nenhuma montadora contestou abertamente a GM, mas técnicos dizem que esse número não foge à média geral dos carros lançados nos últimos anos no mercado brasileiro, que até agora não tiveram a fabricação interrompida por período tão longo.
 

APREENSÃO EM GRAVATAÍ


 

Além de elevar substancialmente os prejuízos da empresa e seus concessionários, a longa paralisação em Gravataí provoca apreensão entre 5 mil funcionários parados, cerca de 2 mil da GM e os demais de 14 empresas fornecedoras que integram o Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (Ciag).

Valcir Ascari, presidente do Sinmgra, o sindicato dos metalúrgicos de Gravataí, confirma que a tensão e ansiedade é grande entre os empregados da GM na região, principalmente os cerca de 700 do terceiro turno, que estão afastados do trabalho há quase um ano e três meses, desde março de 2020, quando a linha de produção foi paralisada por causa da pandemia de coronavírus. As operações foram retomadas gradualmente a partir de junho do ano passado e a planta voltou a trabalhar em dois turnos no início de 2021, mas em março a empresa e seus fornecedores concederam férias coletivas e interromperam todas as atividades, alegando falta de componentes.

O retorno estava prevista para 5 de abril em um turno, colocando cerca de 2 mil empregados em layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho), mas logo a suspensão total das operações foi estendida para junho, depois para julho, agosto e agora mais duas semanas adiante no mesmo mês.

Novamente, apenas um turno está previsto para voltar, deixando parados os empregados de outros dois, o que aumenta o temor sobre possíveis demissões. Também não estão descartados novos adiamentos em função da grande volatilidade do mercado internacional de semicondutores, uma situação que pode se prolongar para além do fim de 2021. BR>
“Ansiedade e preocupação são grandes, não só pelo temor de perder o emprego, mas também pelo avanço da pandemia enquanto a vacina não chega. A maioria dos trabalhadores do Ciag são de Gravataí, a cidade é pequena e as pessoas se encontram, comentam a situação, estão preocupadas. É muito tempo de paralisação e incerteza”, afirma Ascari.

A fábrica da GM em São Caetano do Sul (SP) também está parada, iniciou na segunda-feira, 21, a interrupção de atividades por seis semanas da unidade onde são fabricados Tracker, Onix Joy e Spin. Mas neste caso a empresa informou que a causa da suspensão da produção não é só a falta de componentes, mas também para fazer adequações na planta que a partir de 2022 irá produzir uma nova picape mediana.

Em outra frente produtiva no Brasil, recentemente a GM informou que retomou este mês o nível normal de produção da picape S10 e do SUV Trailblazer em São José dos Campos (SP), que em março havia reduzido a operação para apenas um turno.

Fonte:Automotive Business

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