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Condoleezza Rice pressionará Brasil contra as Farc

A secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, chegou nesta quinta-feira ao Brasil para uma visita de dois dias. A viagem, que incluirá paradas em Brasília e Salvador, já estava programada há vários meses e previa apenas a assinatura de um pacto Brasil-EUA contra a discriminação racial. No rastro da mais grave crise diplomática da região andina, que colocou Colômbia, Equador e Venezuela em pé de guerra, o giro de Rice ganha outras cores. Rice deve fazer um apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que apóie mais firmemente o presidente Alvaro Uribe a combater as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) - e ajude a convencer os seus demais vizinhos a fazerem o mesmo, revela a edição desta quinta-feira do jornal O Globo.

Ao falar a respeito da crise, o secretário de Estado assistente para o continente americano, Thomas Shannon, disse que a disputa entre a Colômbia e o Equador poderá ser resolvida em curto prazo, através de ações diplomáticas da Organização dos Estados Americanos (OEA). Há, porém, um objetivo maior:

- A questão agora é fazer com que as democracias protejam os Estados democráticos, e também conseguir com que elas sejam solidárias entre si no enfrentamento de organizações como as Farc - ressaltou.

Segundo Shannon, é preciso haver daqui por diante "um novo entendimento", que combine a antiga estrutura da OEA - que cuida da proteção da integridade territorial e da soberania, além da administração de conflitos entre países - com o novo desafio das ameaças apresentadas "por atores transnacionais ou não-estatais, como as Farc".

Perguntado se os EUA vêem como branda a posição do Brasil em relação às Farc - pois, ao contrário do governo americano, o brasileiro não considera esse grupo como terrorista - Shannon foi evasivo. Ele respondeu num tom irônico:

- A minha experiência com o Brasil é que o governo brasileiro é muito duro com as Farc quando as Farc entram no Brasil...

Condoleezza deverá dizer a Lula e ao chanceler Celso Amorim que chegou o momento de a região encarar, por meio da OEA, a "causa principal" da disputa:

- Trata-se da forma como as Farc têm utilizado áreas de fronteira em benefício próprio, como refúgios ou bases de operações, sem respeitar a soberania dos países envolvidos. Esse é o maior desafio da OEA, e o assunto será discutido (em Brasília) como parte de um apanhado mais amplo sobre a região - disse Shannon.

Ele deixou transparecer claramente que o fato de tropas da Colômbia terem cruzado a fronteira, entrando no Equador para atacar guerrilheiros das Farc semanas atrás, não causou espanto ao governo americano - praticamente justificando tal ato como um último recurso, diante do que chamou de falta de cooperação do país vizinho.

- A Colômbia deixou muito claro que isso não é uma coisa que queira fazer. Na verdade, o presidente Uribe disse que não fará isso, contanto que possa contar com a assistência e ajuda de seus vizinhos para enfrentar a ameaça - endossou Shannon.

Aparentemente, aos olhos dos EUA seria justificável a repetição daquela atitude de Uribe, diante da inércia dos países ao seu redor:

- Por mais que algumas pessoas possam estar contrariadas com o que a Colômbia fez, acho que há o reconhecimento de que, para que isso não volte a acontecer, a responsabilidade é tanto dos vizinhos da Colômbia, quanto da Colômbia. À medida que eles ajudem a Colômbia a se proteger contra uma ameaça à sua democracia, o seu governo (de Bogotá) não violará as fronteiras dos vizinhos - disse o secretário de Estado assistente.

Pressionado no Senado, Amorim defende posição brasileira durante crise

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, descartou totalmente a possibilidade de o governo brasileiro estabelecer um canal de comunicação com as Farc até que os guerrilheiros libertem todos os seqüestrados em seu poder. Questionado e provocado por vários senadores da oposição durante reunião na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o chanceler disse que o governo condena os atos terroristas das Farc e jamais demonstrou qualquer tipo de apoio ao grupo.

- Não sou a favor de diálogo político com as Farc. Primeiro, eles têm que libertar todos os seqüestrados. Pode ser num outro momento - disse Amorim. - Não há no governo tolerância com seqüestro, terrorismo e narcotráfico. O presidente Lula já condenou esses seqüestros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou ontem com o presidente venezuelano, Hugo Chávez. Segundo assessores, Lula parabenizou Chávez por seu comportamento no encontro do Grupo do Rio, em Santo Domingo (República Dominicana), quando o venezuelano se reaproximou do colombiano Alvaro Uribe. Na conversa, Chávez disse a Lula que sua relação com a Colômbia estava normalizada. O petista disse que essa retomada do diálogo é importante porque passa ao mundo uma imagem de tranqüilidade na região.

Senadores criticam postura brasileira durante a crise

Vários senadores criticaram a postura do governo brasileiro quando a Colômbia invadiu o Equador, no início de março, para atacar integrantes das Farc. Eles cobraram do chanceler uma posição de condenação do Brasil ao Equador por não coibir e ser conivente com a presença das Farc em seu território.

- O Brasil está devendo uma posição de condenação completa. Por que não se pronunciou contra as Farc e somente contra a Colômbia? A posição brasileira foi tímida e acanhada. As Farc são uma organização criminosa e perniciosa - disse o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

Os senadores também condenaram declarações do assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, que teria afirmado em entrevista recente a um jornal francês que o Brasil tem uma posição neutra em relação às Farc.

Fonte: O Globo Online 

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