Revogação dos pisos para educação e saúde é inconstitucional
“Garantias institucionais”
Previstos na Constituição, o SUS (Sistema Único de Saúde) e o Fundeb constituem-se em verdadeiras “garantias institucionais” dos direitos fundamentais à saúde e à educação. E em razão dessa natureza jurídico-constitucional não podem ser abolidos ou mesmo modificados em suas características essenciais. Dentre tais características, sem dúvida, encontram-se os sistemas de financiamento de tais sistemas.
No caso do SUS, a previsão constitucional do financiamento está contida nos parágrafos 1º, 2º e 3º do art. 198 e nos art. 77 e 110 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. No caso da educação, os art. 212, 212-A e 213 do corpo permanente da Constituição e os art. 60 e 60-A do ADCT tratam do tema do financiamento, inclusive nos termos da recente Emenda Constitucional nº 108, de 2020.
Ou seja, os mecanismos de financiamento da saúde e de educação públicas têm estatura constitucional pela relevância que possuem na organização dos sistemas respectivos, assim como outras dimensões.
Na saúde, construiu-se na Federação um sistema com ação unitária em uma rede regionalizada e hierarquizada que abarca a integralidade das ações e serviços de saúde, conforme determina a Constituição (art. 198, CF).
Na educação, a Constituição também se revela detalhista em princípios, garantias, planos e mecanismos desse direito fundamental (art. 205 a 213).
Desse modo, a proposta de emenda à Constituição, ao pretender suprimir, ou ainda enfraquecer pela diminuição, os mecanismos de financiamento constitucionalmente previstos dos sistemas de saúde e de educação públicos, é inconstitucional por violação de cláusula pétrea (inciso IV do § 4º do art. 60 da Constituição da República), e deverá ser questionada no STF (Supremo Tribunal Federal), inclusive por parlamentares.
Fonte: DIAP
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