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Salários da crise: centrais combatem oportunismo dos patrões

A ordem das centrais sindicais é fazer pressão para não deixar a crise econômica prejudicar as negociações salariais deste ano. Até o momento, o desaquecimento da economia não interferiu apenas no nível de emprego no país. Os salários também correm o risco de serem diretamente afetados.

Os patrões alegam que a crise aparece como barreira para os trabalhadores obterem não só ganhos reais como também recuperarem o poder de compra perdido com a inflação. As centrais reagem e já falam em paralisações pontuais e até greves para pressionar os empregadores.

É assim que o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo pretende fazer com que os empresários façam propostas com aumento real neste ano. A data da primeira parada nas obras da capital é dia 27.

"A nossa data-base é dia 1º de Maio, e, até agora, só se falou de crise. No ano passado, a convenção coletiva estava fechada no início de abril. Este ano talvez até greve por tempo indeterminado seja necessário", diz o presidente da entidade, Antonio de Sousa Ramalho.

Segundo o dirigente, a crise afetou o setor em novembro e dezembro do ano passado - mas há. desde fevereiro. uma retomada nas obras e reaquecimento das vendas de novos imóveis. "Ainda temos o projeto do Governo para a construção de imóveis populares. A expectativa é de fechar o ano com 200 mil novos empregos", diz.

Para a Força Sindical, o resultado da negociação da área de construção civil será um termômetro da resistência do setor patronal para conceder reajustes acima da inflação e avançar em ganhos sociais, como plano de saúde e cesta básica.

"O setor de alimentação, por exemplo, está com sérios problemas para negociar. Houve muita demissão e ainda está mal. Talvez tenhamos que esperar outros acordos, como da construção civil, para tentar ir no embalo", afirma o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva. "Mas não vamos aceitar acordos sem ganho real. Ser for preciso, teremos mais greves do que os anos anteriores".

Na Central Única dos Trabalhadores (CUT), as pressões também devem aumentar. "Vamos buscar estabilidade no emprego e aumento real. União entre os trabalhadores e solidariedade de outras categorias será importante nessa situação. É pressionar para garantir avanços", afirma Artur Henrique, presidente da CUT.

O caso dos químicos
Outra categoria que está fechando acordo é a dos químicos do segmento farmacêutico, que tem data-base dia 1º de abril. A classe conseguiu uma proposta de aumento real menor do que no ano passado, mas deve compensar com outros avanços. É o que diz Geraldo Melhorine, coordenador da Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico da CUT do Estado de São Paulo (Fetquim).

"No ano passado houve um ganho maior acima da inflação (6,5% de aumento, sendo 0,95% de ganho real). Este ano o pacote já foi melhor, com 5,2% de reajuste (0,80% de aumento acima da inflação), além de tíquete mínimo de R$ 45 e abono de R$ 500, que será pago em agosto", afirma Melhorine. "Também teremos todo o setor com jornada de 40 horas semanais a partir de setembro." Segundo o sindicalista, as cláusulas sociais foram a alternativa para não deixar de avançar nas conquistas da categoria.

Para o coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado de Oliveira, o cenário mais adverso prejudica as reivindicações de ganho real. "A inflação mais baixa é um dos poucos fatores positivos nesse momento para a negociação".

Na opinião de Arnaldo M. Nogueira, especialista em relações sindicais, as entidades "terão de priorizar na negociação a manutenção do emprego. Mas os sindicatos precisarão ser mais criativos para contornar a crise na mesa de negociação. A Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) é uma opção que pode compensar o ganho real menor neste ano. As negociações também podem ser retomadas após seis meses para avaliar melhor a situação da economia".

Sobre os efeitos da crise no sindicalismo, Nogueira afirma que "ela pode ser positiva, pois pode ser uma oportunidade de as entidades recuperarem sua legitimidade com a capacidade de mobilização dos trabalhadores. Para isso, os sindicatos terão de mostrar trabalho também para reverter a insatisfação de suas bases com as demissões".

(Fonte: Vermelho, com Jornal da Tarde)

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