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Eleitor do PR teria que trabalhar 669 anos para alcançar patrimônio de deputado federal

O eleitor paranaense teria que trabalhar 669 anos para conseguir patrimônio igual ao de um deputado federal. Detalhe: durante a longa e desgastante jornada não pode ser gasto nenhum centavo. Cada um dos 30 deputados federais do Paraná tem, em média, um patrimônio avaliado em R$ 8.253.693 – tornando-se a segunda bancada mais rica do Brasil. A comparação foi feita levando-se em conta a renda anual de um paranaense, que é de R$ 12.339.

Os dados fazem parte do estudo “Excelências” da Organização Não-Governamental Transparência Brasil divulgado nesta quinta-feira (17). A pesquisa sobre os parlamentares brasileiros permite identificar diversos padrões de comportamento e outras características dos políticos eleitos. É possível saber, por exemplo, quantos anos o eleitor deve trabalhar para alcançar o patrimônio de um dos três senadores. Cada senador do Paraná tem um patrimônio médio de R$ 1.607.035 - oitava bancada mais rica do país. São necessários, portanto, 130 anos de trabalho sem gastar nenhum centavo.

Para os eleitores do Ceará, alcançar o patrimônio dos senadores do estado é dez vezes pior. São necessários 1.770 anos de trabalho do cearense, sem gastar nenhum centavo, para conseguir o patrimônio de R$ 8.945.917 - valor médio dos bens declarados pelos senadores do Ceará. No Acre o sonho é possível. Com renda média de R$ 6.692 por ano o eleitor atinge o patrimônio do senador (média de R$ 143.704,00) trabalhando por 21 anos.

A situação, no entanto, não está perdida e o estudo mostra que o eleitor paranaense pode, pelo menos, igualar o patrimônio de um deputado estadual. Se o eleitor do Paraná viver por 91 anos, receber R$ 12.339 por ano, e durante todo esse tempo não comprar nenhum pão francês, é possível alcançar o patrimônio dos deputados do Paraná - calculado em R$ 1.123.751, em média, é a quinta bancada mais rica do Brasil.

O estudo, contudo, não permite deduzir que os bens de cada parlamentar são fruto apenas de sua carreira na política. Para o professor de Ciência Política Adriano Codato, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), muitos conseguem aumentar o patrimônio após entrar na vida pública, mas não é uma regra. "Na maioria das vezes o parlamentar ingressa na vida política para conquistar três coisas: poder, prestígio e status. E isso não tem preço", diz.

Assembléia do PR custa R$ 22,10 para o contribuinte

A Assembléia Legislativa do Paraná, além de abrigar a quinta bancada com maior patrimônio do Brasil, custou a cada paranaense R$ 22,10 em 2007 - é a vigésima Casa com maior custo per capita. "De um lado é um custo muito alto pelo trabalho, pela produtividade dos deputados. Mas por outro, é o preço que se paga pelo regime liberal democrático", afirma. "É melhor do que uma ditadura onde não existe transparência", completa.

A Assembléia mais cara do país é a de Roraima com custo de R$ 145,19 por habitante. E o que tem o menor custo para a população é a de São Paulo - R$ 10,63 por pessoa. Apesar do baixo custo, o site da AL de São Paulo é considerada um exemplo pelo estudo no que se refere à informações disponibilizadas. Dados relevantes para o eleitor, como presença em plenário de cada parlamentar, é facilmente acessado. Custos com verba de gabinete e com viagens também podem ser acessados com poucos cliques. A do Paraná, no entanto, está longe da transparência esperada. Não há como saber de quanto é a verba de gabinete, os gastos dos deputados com viagens e nem se eles comparecem às sessões.

"Do ponto de vista do contribuinte é um escândalo saber que a AL do Paraná, assim como o Senado Federal, não divulga suas contas. É inaceitável. O contribuinte tem o direito de ter acesso às contas", opina Codato.

Custos eleitorais

O estudo da Transparência Brasil traz também informações sobre o financiamento eleitoral destinado aos parlamentares. Em relação ao custo eleitoral para o senado, o Paraná aparece como o segundo estado onde o voto é mais caro, R$ 3,79 - atrás somente de Roraima (R$ 6,24). A média nacional é de R$ 0,66, ou seja, no Paraná o voto para senador é seis vezes mais caro. O voto é mais barato em Minas Gerais (R$ 0,16) e no Mato Grosso do Sul (R$ 0,23).

Para deputado federal o Paraná é o nono estado onde o custo do voto é mais caro - R$ 6,80 - contra média nacional de R$ 4,80. Roraima com R$ 13,90 por voto e Amapá com R$ 10,80 são os mais caros, enquanto que Amazonas e Pernambuco são os mais baratos com R$ 2,30 e R$ 2,60, respectivamente.

O voto que o eleitor paranaense deposita no deputado estadual custa R$ 6,30 - é o 11º mais caro. A média nacional é de R$ 4,20. Os votos para deputado estadual (134 milhões) no país custaram R$ 566 milhões, mais que o dobro da eleição para Câmara.

"Os dados sobre os custos do voto são muito significativos porque a democracia brasileira custa muito caro", diz o cientista político. "O custo da campanha está diretamente ligado a corrupção partidária e política. A campanha deveria ser simplificada porque o alto custo impede o cidadão comum de ingressar na vida política, faz com que só ricos entrem na política e facilita os parlamentares já eleitos", afirma Codato.
 
Fonte: Gazeta do Povo Online

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