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Controle da transmissão da COVID-19 também no ambiente de trabalho

A situação sem precedentes criada pela pandemia COVID-19 tem exigido que se criem modelos para descrever e quantificar estratégias alternativas de mitigação e, em cada momento da pandemia e do status da sua gravidade, como é o caso do Brasil, está se tornando cada vez mais urgente tais medidas. Em vários estudos realizados, cito o estudo de Andreas Eilersen e Kim Sneppen, do Niels Bohr Institute, University of Copenhagen, em que tem sido proposto modelos de transmissão de doenças baseado em agentes em uma sociedade dividida em famílias, locais de trabalho e grupos sociais intimamente ligados. Isso tem permitido que se discuta, conforme estabelecem os autores, estratégias de mitigação, incluindo medidas de quarentena direcionadas. 

No artigo Custo-benefício do isolamento limitado e testes de mitigação de COVID-19, os autores relatam a descoberta de que o local de trabalho e os contatos sociais mais difusos são quase igualmente importantes para a propagação da doença e que o bloqueio eficaz deve ter como alvo ambos

É certo que a pandemia de coronavírus em 2020 (COVID-19) levantou a necessidade de esforços de atenuação ou diminuição dos riscos de transmissão e/ou contagio que pudessem reduzir o pico da epidemia e, a quarentena sempre pode contribuir substancialmente para mitigá-la, mesmo que seja de curta duração e principalmente seja realizada também dentro das famílias.  Ao reabrir a sociedade, testar e colocar em quarentena, se necessário, sempre foi uma estratégia muito mais barata em termos de dias de trabalho perdidos do que um longo bloco.

Portanto, houve o desenvolvimento de um modelo epidemiológico baseado em agentes que leva em consideração que a transmissão de doenças ocorre em distintos lócus da vida social, cada um desempenhando um papel diferente no confinamento: a família, o trabalho, nossos círculos sociais e a esfera pública.

Quer dizer, não se levara em consideração somente a idade como prioridade, mas consideraram as crianças em pé de igualdade com qualquer outra pessoa, e o modelo não foi projetado para lidar com cenário onde alguém visa especificamente pessoas mais velhas.

Leva-se em consideração a análise do papel que cada área da vida social desempenha na transmissão e isto fez como que tratasse separadamente as atividades de lazer e, como estas desempenham um papel econômico menor do que o trabalho, elas puderam ser restringidas com um menor impacto na sociedade. Isto é que tem sido levado em conta nas medidas restritivas adotadas pelo governo. 

É importante termo um olhar diferenciado do contagio do Coronavírus quando utilizamos o papel do trabalho na transmissão da doença, principalmente quando podemos ter um pequeno surto ocorrendo em um pequeno posto de trabalho ou em médio ou grande ambiente de trabalho onde a concentração de pessoas é maior. Sempre a presença do numero de pessoas influi na transmissão ser mais rápida.

Implementados testes e rastreamento de contato, numa compartimentação como a que estamos nos referindo no caso do surto ou de um caso diagnosticado, ajudará a avaliar quais e quantas mais pessoas devem ser colocadas em quarentena e quantas serão afetadas em um determinado momento.

Outro ponto que devemos considerar é a importância do bloqueio que deve ser implementado de forma mais eficaz, pois assim impedimos que o contagio se espalhe no local de trabalho e seja também espalhado para outros locais, como a família e a comunidade com consequente desenvolvimento da doença e morte. (Figura abaixo) 

Isto nos ajuda, no segundo momento, avaliar como o posto de trabalho ou mesmo a sociedade pode ser reaberta com segurança e, ainda assim, o mais rápido possível. Devemos sempre acompanhar e examinar os efeitos relativos da redução da quantidade de contatos no local de trabalho, em espaços públicos e em grupos de amigos intimamente conectados.

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Descrição gerada automaticamente

É importante entendermos que a vida social em familiar, responde por 40% de todas as interações sociais e que a vida profissional responde por 30%, enquanto que a vida social em grupos de amigos fixos representa 15% e a vida pública representa outros 15%.  (Mossong, J. et al. Social contacts and mixing patterns relevant to the spread of infectious diseases. PLoS Med. 5, e74 (2008).)

Resultados: estratégias de mitigação

 Portanto no caso da transmissão destaca-se a importância relativa do local de trabalho e da vida pública,

A redução dos contatos de trabalho, por exemplo, reduz a altura do pico do contagio ou transmissão em cerca de 40% (em relação a nenhuma intervenção) se a probabilidade de infecção for alta. Não podemos esquecer que uma boa higiene ou manter distância reduz a probabilidade de infecção de todos os tipos de encontros pela metade.

O que acontece quando as restrições precisam ser levantadas é que as autoridades liberam o trabalho para o retorno, pois elas serão principalmente capazes de controlar o local de trabalho, enquanto que a esfera social depende do comportamento social local.

Obviamente, é economicamente mais sustentável levantar primeiro aquele que tem as maiores consequências sociais e econômicas, permitindo que as pessoas voltem ao trabalho e, ao mesmo tempo, encorajando a manutenção do mínimo de reuniões sociais.

Agora, se as restrições forem suspensas antes que um nível substancial de imunidade seja alcançado, a epidemia irá reacender. Isto é o que se tem feito com muita frequência!

Novamente reforçamos: “uma estratégia possível é reduzir o número de pessoas permitidas a qualquer momento em cada local de trabalho.”

Estes autores consideram que se houver na empresa uma fragmentação dos locais de trabalho, com menores aglomerações de pessoas/trabalhadores nestes locais nestes espaços físicos, isto pode ter um efeito significativo no pico do número de infectados e, certamente pode trazer um efeito benéfico na situação de não sobrecarregar o sistema de saúde. Isso pode fazer parte de uma estratégia de mitigação. 

Com certeza tem um significado importante, pois com a diminuição do espaço, teremos menos gente por espaço físico, menos gente se encontrando e logicamente, a estratégia se torna relativamente mais eficaz se a probabilidade de infecção por encontro também for reduzida. 

De acordo com a analise do artigo, “em comparação com os casos sem redução do tamanho do local de trabalho, tornar os locais de trabalho menores leva a uma maior redução relativa no tamanho do pico se a probabilidade de infecção for menor, eliminando completamente a epidemia com uma redução da probabilidade de infecção de 50%”.

 

Outra estratégia mais local que pode ser empregada ao reabrir a empresa são os testes e rastreamento de contato generalizado.

 

Conclusão

 

Atualmente, houve uma mudança de postura com relação à testagem em massa, pois quase ninguém está fazendo este tipo de testagem a não ser se a situação se configura um surto.

Muitos acreditam que é perda de dinheiro, pois a situação da pandemia que estamos vivendo com uma transmissão muito alta, não justifica. Tem-se uma empresa que está fechada por um tempo e que vai voltar a operar é recomendado que deva fazer, mas se ela está em operação, não justifica.

Deve-se trabalhar com outras estratégias como mapear situações de maior exposição do trabalhador e citamos novamente o que esta nos protocolos de proteção e prevenção que devem ser adotados pelas empresas como os banheiros, locais de alimentação, vestiários, além de promover a educação em saúde, realizar o mapeamento dos contatos e familiares e assumir afastamento com isolamento e quarentena com iniciativa e por conta da própria empresa. Não condicionando a testagem.

Se tem contactante, o isolamento tem acontecer para quebra da transmissão. Se a empresa não tem indicativo de COVID, mas tem aumento de absenteísmo em algum setor, então deve ser  feito o mapeamento e a vigilância com busca ativa de casos, se necessário.

É difícil estabelecer o tempo de uma testagem em massa e para que tipo de categoria. Deve-se testar em massa de quanto em quanto tempo? Para quem? No setor saúde deve ser feito de quinze em quinze dias em que o risco é direto. Os hospitais públicos e privados têm utilizado desta estratégia.

No caso de empresa em que não há exposição de risco direto deve abrir a discussão para um plano de ação mais complexo. Se fizer a testagem agora daqui a uma semana o cenário muda tudo. Precisamos abrir um caminho de vigilância epidemiológica constante e permanente.

Recentemente, as empresas do Canadá se uniram para realizar testes de COVID em massa. De acordo com a Revista Exame, as 12 maiores empresas do país fizeram um consórcio para ajudar o governo canadense a realizar testes de COVID-19 na população do país. (Por Catherine Porter c. 2021 The New York Times Company Publicado em: 17/02/2021 às 09h21Alterado em: 17/02/2021 às 10h45 https://exame.com/negocios/empresas-do-canada-se-unem-para-realizar-testes-de-covid-em-massa/)

Segundo a reportagem à medida que cresce a frustração no Canadá com o peso dos lockdowns e o ritmo lento das vacinações, um consórcio formado por algumas das maiores empresas do país criou um programa de testagem rápida com o objetivo de proteger seus 350.000 funcionários.

O grupo começou a fazer os testes de maneira experimental no mês passado e planeja expandir o programa para 1.200 empresas de pequeno e médio porte.

Elas também planejam compartilhar os resultados dos testes com as autoridades de saúde do governo, aumentando consideravelmente o número de testes oficiais e fornecendo um estudo informal da disseminação do vírus entre pessoas assintomáticas.

As empresas do consórcio também estão testando os funcionários duas vezes por semana, aumentando a chance de identificar casos positivos.

Segundo a reportagem, as empresas descobriram que o programa diminui a ansiedade dos funcionários não apenas em relação ao retorno ao trabalho presencial, mas também em relação à volta para casa todos os dias.

"Em condições normais, a ideia de pequenas empresas fazerem testes em todos os funcionários seria uma fantasia. Mas, nesse caso, em vista do desespero das pequenas empresas para voltar a abrir, ou para continuar abertas, existe potencial para isso", disse Kelly, que faz parte do grupo consultivo sobre testes da COVID-19 na indústria junto ao governo canadense.

Dro Zuher Handar, Médico do trabalho e Assessor do SMC

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