As transportadoras de carga do Paraná ameaçam paralisar as atividades a partir da segunda quinzena deste mês como uma forma de protesto contra a decisão judicial que restringe a jornada de trabalho dos motoristas para 44 horas semanais. A Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), quer discutir o tempo de descanso e não o tempo de estrada do motorista.

A paralisação envolveria todos os tipos de cargas e poderia prejudicar inclusive o transporte da safra que começa a ser escoada em meados de fevereiro. A idéia é que o movimento atinja outros Estados e não apenas o Paraná que conta com 6.900 transportadoras responsáveis por 420 mil empregos diretos.

O setor tem uma reunião no dia 13 de fevereiro em Brasília da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e outra no dia 14 em Curitiba para discutir o assunto. ''Há uma dificuldade muito grande de nos adaptarmos a esta liminar de uma hora para outra. O sistema de transporte nunca deixou de discutir o tempo de descanso do motorista'', disse o diretor executivo da Fetranspar, Sérgio Malucelli.

Ele destacou que se o País tivesse uma boa infra-estrutura de transporte, um trecho de Curitiba a São Paulo seria feito em 6h30, no máximo. Mas, hoje demora cerca de 12 horas para ser realizado. ''Precisaríamos de dois motoristas para fazer uma viagem como essa para cumprir a liminar'', argumentou. Malucelli destacou que 72% das estradas brasileiras estão em péssimo estado de conservação.

''Se não chegarmos a uma solução, não vamos descumprir a liminar mas vamos achar uma forma de mostrar o nosso descontentamento'', disse. Ele lembrou que há mais de seis anos o sistema de transporte está propondo discussão sobre o tema. Segundo ele, no Paraná, a liminar está sendo cumprida dentro das possibilidades. Até agora, nenhuma transportadora foi multada.

Em dezembro, a Procuradoria do Ministério Público do Trabalho (MT) impetrou ação civil pública que resultou na concessão de liminar que restringe a jornada de trabalho do motorista para oito horas diárias e 44 horas semanais. A decisão entrou em vigor no dia 21 de janeiro, abrange todo o território nacional e deve ser cumprida por todas as empresas de transportes e transportadores autônomos. A reportagem entrou em contato com o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná mas não teve retorno até o fechamento desta edição.

Fonte: Folha de Londrina