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Trabalhadores conseguem reajuste real pelo quarto ano consecutivo

Um levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos) mostra que 88% das negociações salariais de 2007 resultaram em reajuste acima da inflação. Isso significa que em 88% das negociações salariais realizadas no ano passado os trabalhadores conseguiram um aumento real de salário.

Esse resultado é o melhor desde que se iniciou a série histórica do Dieese, em 1996. O supervisor técnico do Dieese José Silvestre de Oliveira disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta terça-feira, dia 18, que 2007 foi o quarto ano consecutivo que os trabalhadores brasileiros conseguiram reajuste acima da inflação.

"Ela vem se repetindo desde 2004. De 2004 para cá nós temos cerca de 70% das negociações alcançaram algum ganho real... Eu acho que a diferença em 2007 é o crescimento, que em 2007 foi mais consistente na medida em que ele foi melhor distribuído. Até porque o setor industrial teve um desempenho melhor. E isso se repetiu também nos resultados da negociação, uma vez que a industrial praticamente 100%, no mínimo, zeraram a inflação", disse Oliveira.

Segundo José Silvestre de Oliveira, a indústria é o setor que apresenta melhores resultados no que diz respeito a negociações salariais. Ele disse que, de alguma forma, a atividade sindical está ligada à conquista de um salário melhor para os trabalhadores.

"Aí é a questão da tradição. Você sabe que as categorias profissionais ligadas à indústria são mais estruturadas, sindicalmente falando, tem uma maior tradição. Já o setor de serviços tem grandes categorias organizadas, que conseguem boas campanhas, bons salários, mas é um setor mais pulverizado, então isso acaba também se refletindo no próprio processo de negociação e no seu resultado", disse Oliveira. (Fonte: Conversa Afiada)

Leia a íntegra da entrevista com José Silvestre de Oliveira:


Paulo Henrique Amorim - José Silvestre, o que é que esses números têm de diferente do ano de 2006.


José Silvestre de Oliveira - Fundamentalmente, Paulo Henrique, esse percentual de 88% dos reajustes que tiveram ganho real. Esse número, esse percentual foi superior àquele observado em 2006.


Paulo Henrique Amorim - Que foi de quanto?


José Silvestre de Oliveira - Foi de 83,7%, se não me falha a memória. Então esse é o destaque. O outro aspecto a considerar é que, muito embora nós tenhamos tido uma porção de reajustes com um ganho real maior do que o ano passado, a magnitude do ganho, em 2007, foi um pouquinho menor. O que está relacionado, como você sabe, ao comportamento da inflação, o que mostra, de outro lado, que há uma estreita relação entre a inflação e a magnitude do reajuste negociado.


Paulo Henrique Amorim - Quer dizer que, como a inflação em 2007 foi maior que em 2006, o ganho real foi um pouco menor.


José Silvestre de Oliveira - Exatamente.

Paulo Henrique Amorim - Agora, essa conquista de salário acima da inflação, ou seja, ganho de salário real, ela se deu em 2006 e em 2007 ou ela vem sendo repetida ao longo do tempo?

José Silvestre de Oliveira - Ela vem se repetindo desde 2004. De 2004 para cá nós temos cerca de 70% das negociações alcançaram algum ganho real. Eu acho que, o que nós temos em 2007, além desse aspecto de ter uma proporção maior de reajuste real, que muito embora o cenário econômico venha se repetindo nesses anos, eu acho que a diferença em 2007, você mesmo sabe, o crescimento em 2007 ele foi mais consistente na medida em que ele foi melhor distribuído. Até porque o setor industrial teve um desempenho melhor. E isso se repetiu também nos resultados da negociação, uma vez que a industrial praticamente 100%, no mínimo, zeraram a inflação.


Paulo Henrique Amorim - Quais são os trabalhadores campeões de ganho real? Em que área se tem ganho real maior?


José Silvestre de Oliveira - Olha Paulo Henrique, de um modo geral é na indústria. Dentro da indústria têm aquelas categorias mais tradicionais que têm conseguido aumento real, que obviamente está relacionado à própria ação sindical também combinada com o desempenho industrial. Por exemplo, esse ano e o ano passado (esse ano de 2007 e também de 2006) como você teve aqueles seguimentos voltados para o mercado externo, em função do câmbio, esses certamente fizeram um desempenho médio inferior a outros setores industriais.


Paulo Henrique Amorim - Mas eu posso imaginar, pelo que você falou antes, que setores mais combativos no movimento sindical, como por exemplo, metalúrgicos, bancários, químicos, esses costumam ter aumento de salário maior. Eu posso estabelecer uma relação entre atividade sindical e aumento de salário real? Ou não?


José Silvestre de Oliveira - Aí é a questão da tradição. Você sabe que as categorias profissionais ligadas à indústria são mais estruturadas, sindicalmente falando, têm uma maior tradição. Já o setor de serviços tem grandes categorias organizadas, que conseguem boas campanhas, bons salários, mas é um setor mais pulverizado, então isso acaba também se refletindo no próprio processo de negociação e no seu resultado.

 

Paulo Henrique Amorim - Uma outra pergunta, vocês tem estudo sobre a relação entre ganho de salário real e aumento de produtividade. Ou seja, se o aumento do salário está aumentando ou não, diminuindo ou não a produtividade do trabalhador brasileiro?

 

José Silvestre de Oliveira - Certamente, como a produtividade da economia, em termos médios tem aumentado e você tem ao longo, pelo menos, dos últimos quatro anos, um processo de recuperação do poder de compra desse período, isso certamente tem se refletido na produtividade. Agora, o que a gente está sugerindo, digamos assim, apontando, está claro que não há uma relação direta entre resultado da negociação, ou seja, magnitude do reajuste e do ganho, com a taxa de crescimento do produto. Ou seja, o ambiente econômico é propício à negociação, isso se reflete nos resultados. O que a gente está achando, tomando o PIB, tomando isso como produtividade da atividade econômica nacional é razoável imaginar que o PIB passe a ser um balizador na mesa de negociação. Todos nós sabemos que as categorias são setoriais e, portanto, o desempenho setorial é o que vai mais fazer efeito no ponto de vista da negociação. Mas não dá para descartar a possibilidade de trazer o PIB enquanto balizador de caráter geral para as negociações.

Fonte: (DIAP)

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