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Falta de oportunidades faz do trabalho informal a única alternativa

Informalidade no Brasil cresceu e junto com ela a piora da qualidade de vida de milhões de trabalhadores

Crescimento de empregos informais no Brasil, analisando o primeiro trimestre de cada ano, bateu o recorde dos últimos 7 anos, aumentando 4 milhões entre 2021 e 2022. O número significa 10958 pessoas por dia, migrando da ocupação formal para informal, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mesmo com a decrescente no primeiro trimestre deste ano, a situação ainda precisa melhorar. Isto porque, com o aumento do preço dos itens básicos e de sobrevivência (alimentos, higiene, moradia, luz, água, transporte), existe a necessidade do trabalho formal suprir essas demandas, o que não ocorre atualmente.

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) afirma que um salário mínimo capaz de sustentar uma família de 4 pessoas, estaria avaliado em R$6.652,09, valor bem acima do salário-mínimo nominal atual, de R$1.320,00.  Em muitas casos, os cidadãos brasileiros entre 14 e 60 anos buscam o trabalho informal que proporciona melhor renda.

“Já trabalhei de carteira assinada quando eu tinha 17 anos, mas eu vi que não estava suprindo minhas necessidades, aluguel, água, luz, comida, leite, fralda e lenço humedecido. Começou a me apertar demais. Então eu conheci a rua. Comecei trabalhando vendendo balinha de goma, depois vendi alfajor. Foi quando eu percebi que a rua estava proporcionando coisas melhores para minha família”, diz Paulo Henrique de Melo, pai de 4 filhos e vendedor ambulante no sinaleiro da Avenida Presidente Getúlio Vargas com a Rua Castro Alves, no bairro Água Verde.

Paulo é apenas um dos milhões de brasileiros que estão nesta situação. São homens e mulheres que, para sobreviverem, são obrigados todos os dias a irem às ruas vender mercadorias, prestar qualquer serviço ou realizar trabalho doméstico em casas alheias. A ampla maioria não ganha o necessário para suprir essa carência, mesmo recebendo mais que o salário mínimo nominal. A diferença é pouca, longe de atingir o valor estimado pelo DIEESE.

Além de que, esses trabalhadores e trabalhadoras chegarão à velhice sem perspectiva de ter uma aposentadoria, pois o salário que recebem é tão pequeno que não podem pagar a contribuição mensal da Previdência Social. Calcula o DIEESE que, em 20 anos, mais da metade da população não conseguirá se aposentar.

O que influenciou neste cenário e como revertê-lo?

Já um consenso entre o movimento sindical a urgência de uma política de valorização do salário mínimo e da moeda para reverter essa situação. Outro ponto importante é a revisão da famigerada reforma-trabalhista. Desde que entrou em vigor em 2017, a taxa de desemprego só aumentou, contrariando o discurso do empresariado sobre o aumento dos postos de trabalho.

A taxa de desemprego foi de 11,6% em 2017 e 12,3% em 2018. Em 2020, três anos após a mudança na CLT, o desemprego subiu para 13,5% e, em 2021, depois de quatro anos, a taxa de desemprego continuou em 13,5%. 

Paralelamente, o crescimento do trabalho informal (de 2021 a 2022), expõe uma realidade sem melhora alguma na qualidade de vida dos trabalhadores, ou seja, um saldo “positivo” “para inglês ver”, como diz o velho ditado.  

O preconceito contra trabalhadores de rua

Trabalhadores de rua enfrentam grande opressão da sociedade diariamente. Um dos fatores levantados pelos entrevistados é que por ser de rua, as pessoas acham que eles estão trabalhando neste ramo porque são preguiçosos e que gostam de vida fácil. Quase um terço da sociedade acredita que essas pessoas são pedintes ou marginais.

“Muitos são ignorantes, na verdade a maioria é ignorante, as pessoas acham que por você estar na rua, você faz coisas erradas, e você só está trabalhando honestamente, mas fazer o que, a gente não pode deixar de trabalhar por causa do julgamento.” Diz Leila Olando Bandeira, mãe solteira com dois filhos e vendedora ambulante na Linha verde, 800 metros da Leroy Merlin, Parolin.

Leila Olando Bandeira, vendedora de panos

As críticas não param por aí:

“Em geral eles são amigáveis, só que tem muitas pessoas que descriminam, tratam mal, a gente passa e levantam os vidros na nossa cara, ou as vezes falam pra a gente procurar um serviço digno, que a gente não está trabalhando e por sermos “fortes”, deveríamos ir procurar outro serviço. Mal sabem eles, todo o tempo que é dedicado, fazendo as peças, locomovendo-se, vendendo. O esforço de ter de ficar o dia inteiro de pé. É um trabalho querendo ou não.” Diz Jonatham Eduardo da Silva, pai de 5 filhos e vendedor ambulante na linha verde, 1Km da Leroy Merlin, Parolin.

Jonatham Eduardo da Silva, vendedor de peças de artesanato

Os perigos do trabalho de rua

Muitos trabalhadores afirmam que os trabalhos de rua possuem diversos problemas. Muitas vezes quem enfrenta o calor do verão, sofre extrema dor de cabeça, situação que piora sem o uso de protetor solar. As adversidades são constantes nos períodos mais frios do ano.

E ainda há outros perigos:

“Olha o medo é constante de trabalhar na rua, afinal você está sujeito a tudo, eu mesma, já fui assaltada duas vezes. Antes eu tinha um carrinho maior para eu trabalhar, eu trabalho com pano. E já fui assaltada duas vezes, nesta última perdi meu carrinho. Para ir ao banheiro você tem que levar sua mercadoria, ou tem que deixar com uma pessoa cuidando, mas dá medo, porque essas pessoas estão sujeitas a tudo, então não dá para confiar em quem está na rua, dá medo. É complicado.” Declara Leila Olando Bandeira.

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