Organização e cooperação – confira como foi o 2º dia do Encontro Internacional das Montadoras, em Gravataí (RS)
Evento reúne dirigentes sindicais dos EUA e do Brasil para debater o fortalecimento das entidades trabalhistas
Vários temas tomaram conta do segundo dia de debates do 2º Encontro Internacional de Montadoras – Brasil\EUA, que acontece em Gravataí (RS) e reúne trabalhadores dos dois países para trocarem experiências e traçarem estratégias visando fortalecer a luta por mais direitos e barrar os ataques contra a liberdade de organização sindical.
Logo pela manhã, os dirigentes sindicais debateram a situação da economia nacional com o economista da subseção do Dieese na CNTM, Roberto Anacleto, que mostrou como o dinheiro público é usado para favorecer a especulação financeira e as multinacionais em detrimento da população.
Anacleto mostrou que o Brasil já pagou, só esse ano, cerca de R$ 277,3 bilhões de juros ao sistema financeiro. “Esse montante serviria para ser usado em programas de transferência de renda por 15 anos. É por isso que me indigno quando vejo alguns dirigentes do movimento sindical criticando programas como o Bolsa Família, por exemplo”, disse. Segundo Anacleto, quase metade do orçamento brasileiro é usado para amortizar a dívida com os bancos. “Boa parte do dinheiro brasileiro esta indo para especuladores. Não sobra quase nada do orçamento para a educação, saúde, infra-estrutura”, disse.
Para Anacleto, além do sistema financeiro, outro grande sugador do dinheiro público são as multinacionais. “As montadoras são altamente beneficiadas no Brasil. O setor cresceu nos últimos anos porque recebeu bilhões dos cofres públicos. É o dinheiro do trabalhador que tem financiado essas empresas no Brasil, já que uma parte dos recursos do BNDES vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Além disso, desde 2008, o governo tem aberto mão da arrecadação dessas essas empresas com isenções fiscais e outros benefícios tributários como a redução do IPI”, disse questionando: “E qual foi a contrapartida que essas empresas ofereceram ? O que isso trouxe de resultado para o trabalhador ?”
Anacleto mostrou que as isenções e incentivos fiscais atreladas aos preços dos carros faz com que as montadoras tenham praticamente custo zero na produção de automóveis no país, o que aumenta mais as taxas de juros. Apesar de o custo de produção ser mais alta no Brasil, a taxa de lucro no país (10%) é o dobro da media mundial (5%) e o triplo da dos Estados Unidos (3%). “O lucro aqui é o dobro do no mundo. As empresas não absorvem nenhum custo. Tudo é pago pelos compradores de veículos. As empresas não divulgam os balanços deles. Todos esses impostos que eles falam que pagam, na verdade é repassado para o consumidor final, ou seja, somos nós que pagamos”, disse.
Como resultado disso, não é a toa que somente as montadoras enviaram para o exterior, entre 2008 e 2014, cerca de U$ 24 bilhões. “Dinheiro que não fica no Brasil, porque eles preferem usar o dinheiro barato que emprestam do BNDES”, afirma Anacleto.
O economista também mostrou que, das fábricas automotivas instaladas no Brasil, 41% estão na base da Confederação dos Trabalhadores Metalúrgicos. Em relação ao setor de máquinas agrícolas, a base da CNTM sobe para 47%. Para Anacleto, esses dados deixam claro a importância da participação da Confederação nas discussões sobre políticas industriais. “
“isso mostra o empoderamento e deixa claro que não tem como discutir política industrial sem passar pela CNTM, o que quer dizer que a Confederação deve estar atenta para ter uma agenda de defesa dos empregos e da renda para botar na mesa”, concluiu Anacleto.
Redes Sindicais
Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM, falou sobre o trabalho desenvolvido pela Coordenação Estratégica de Redes Sindicais – CERES- formada em 2013 com o intuito de ser um instrumento de apoio e fortalecimento das Redes Sindicais, organização dos trabalhadores de várias plantas de uma empresa multinacional, dentro ou fora do país, cujo objetivo é trocar informações, experiências e traçar uma agenda comum de atuação e reivindicação. “Com as empresas cada vez mais globalizadas é preciso que os trabalhadores também se organizem em torno de uma política sindical globalizada”, disse Mônica.
Ela mostrou como as multinacionais agem de forma a tirar vantagem e aumentar os lucros através do rebaixamento dos salários dos trabalhadores. “Quando vão se instalar ou decidem mudar suas plantas de local, as multinacionais procuram ou preferem regiões onde a organização dos trabalhadores não é forte ou é inexistente. Desse modo podem impor suas condições, que comtemplam baixa remuneração, poucos benefícios e condições precarizantes como, por exemplo, excesso de jornada de trabalho”, mostrou Mônica. “Para barrar essa postura das multinacionais, os trabalhadores das empresas começaram a se organizar em redes e para auxiliar essas redes, formamos na CNTM, a CERES”, explicou.
Entre as prerrogativas da CERES estão a formação e a qualificação de dirigentes sindicais e trabalhadores; a organização de um sistema de informações integrado; o fortalecimento do protagonismo e da atuação internacional da CNTM e fomentar a solidariedade entre os trabalhadores;
“A Ceres é uma ferramenta essencial na luta pelo fortalecimento das redes sindicais. É preciso que estejamos preparados para buscar acordos que garantam as mesmas condições que os estabelecidos nas plantas mães das empresas”, afirmou Mônica.
Como resultado do trabalho já realizado, Veloso elencou algumas conquistas, como a negociação do acordo nacional de Participação nos Lucros e Resultados na ThyssenKrup Elevadores e o acordo internacional na área de saúde e segurança fechado com a empresa Arcelormittal, após pressão da Confederação em relação às mortes de trabalhadores acontecidas nas plantas no Brasil. “Graças às trocas de informações entre as redes foi possível denunciar a situação dos trabalhadores no Brasil, o que abriu espaço para que fôssemos recebidos na matriz da empresa, em Luxemburgo, para exigir mais segurança”, mostrou Mônica.
“É muito importante o cruzamento de informações. Isso pode ser uma peça fundamental na hora de dar um xeque mate no momento de negociação. As vezes, o Sindicato sozinho não consegue fazer. E não é porque ele não quer. É preciso criar as condições para que o trabalhador possa intervir. É só há partir daí que podemos criar padrões de negociação e exigência”, finalizou.
Sindicalização
A parte da tarde iniciou com os participantes debatendo a sindicalização. O representante da UAW Richard Bessinger, contou a experiência nos Estados Unidos. Segundo o palestrante, existe um grande debate nos EUA sobre a sindicalização voluntária. Ele falou do estado de Wisconsin, onde a sindicalização era obrigatória, mas que devido ao lobby de um grupo político de direita ligado a empresários – A Comissão Nacional pelo Direito de Trabalhar – a legislação foi flexibilizada, mesmo depois do protesto de milhares de trabalhadores. O fato é que devido a essa atitude o número de trabalhadores sindicalizados caiu de 65 mil para 13 mil.
Porém, Richard não condena os políticos, ele diz que nessa nova realidade, os Sindicatos devem fazer sua parte, indo atrás dos trabalhadores para convencê-los da necessidade da sindicalização. “Para isso, é preciso ir até o trabalhador, ouvi-lo, saber o que pensa, abrir o Sindicato para eles, nem que para isso, se precise ir de porta em porta”, diz.
Além disso, o Sindicato deve estar atento não só para aumentar o número de trabalhadores sindicalizados, mas também para aumentar o nível de participação e interação do associado com a organização trabalhista. Foi a partir desses questionamentos que ele iniciou um trabalho com os Sindicatos americanos – os Focus Groups – onde são reunidos trabalhadores de várias empresas para serem ouvidos a respeito do que pensam dos Sindicatos. “O objetivo dos grupos foi identificar a visão dos trabalhadores a respeito do que pensam sobre a organização trabalhista, o que pensam”.
A ação começou a trazer resultados. “No Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público, depois que passaram a ouvir os trabalhadores, as sindicalizações dobraram. Esse é o dever do Sindicato, estar junto, ouvir, convidar a sindicalizar”.
Uma das propostas de Richard é que se formem comissões especificas nos Sindicatos focadas prioritariamente nas estratégias de Sindicalização “Precisamos formar uma rede de ativistas que perpasse todo o local de trabalho, para formar redes de sindicalizadores. A sindicalização interna é um processo de revitalização de sindicatos e uma forma de fortalecer a luta dos trabalhadores. Por isso, não pode ficar de lado”, concluiu Richard.
Intercâmbio sindical
Ginny Coughlin, representante e assessora da UAW, falou sobre o intercambio entre a UAW e os Sindicatos brasileiros. Ela lembrou que o inicio dessa parceria foi através do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, quando os trabalhadores da fábrica da Renault, em São José dos Pinhais, fizeram protestos e mobilizações contra a demissão de dois trabalhadores na fábrica a Nissam, no estado americano do Mississipi. As demissões foram revertidas. “Há partir daí, começamos nosso contato com dirigentes sindicais de Curitiba como Sérgio Butka, Paulo Pissinini, que nos abriram as portas para o contato com outras bases do Brasil”, disse.
Outra ação lembrada, foi o protesto realizado no Salão do Automóvel, em São Paulo, em novembro de 2014. Na ocasião, dirigentes sindicais e trabalhadores entraram disfarçados no evento e abriram faixas para denunciar as perseguições, praticas antisindicais e más condições dos trabalhadores americanos na Nissam. O fato ganhou grande repercussão na mídia.
Segundo Ginny, a troca de experiência tem sido muito produtiva. “Vimos como os metalúrgicos de Curitiba, que começaram a pensar estrategicamente, mudaram o Sindicato mudaram como se relacionavam com os trabalhadores, mudaram sua estrutura para levar o Sindicato ao chão da fábrica e levar o chão de fábrica para o Sindicato. Passaram a construir líderes do Sindicato no chão de fábrica”, disse.
Além disso, o trabalho realizado com a comunidade também foi ressaltado por Ginny como aprendizagem. “Vimos como o Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão tem um trabalho de relacionamento com a comunidade, de interesse pelas reivindicações não somente trabalhistas”, destacou.
A tendência é que o intercâmbio e a troca de experiências entre os trabalhadores dos dois países se fortaleça com realização de mais ações em conjuntos e também com a continuidade dos seminários como os que aconteceram em Curitiba e Gravataí. O próximo encontro está previsto para acontecer no Rio de Janeiro, em abril de 2016.
O Seminário continua nesta sexta-feira. Confira a programação:
Sexta-feira (16 de outubro)
9h às 10h
Tema: Terceirização
Palestrante: Cid Cordeiro - assessor econômico do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba
10h às 10h30min
Tema: Medidas criativas para enfrentar a crise no setor automobilístico.
Palestrante: Sidnei Alvarez, diretor da GM
10h30min às 11h30
Tema: Campanha de Sindicalização na Nissan - EUA
Palestrante: Sanchioni Butler UAW
Vários temas tomaram conta do segundo dia de debates do 2º Encontro Internacional de Montadoras – Brasil\EUA, que acontece em Gravataí (RS) e reúne trabalhadores dos dois países para trocarem experiências e traçarem estratégias visando fortalecer a luta por mais direitos e barrar os ataques contra a liberdade de organização sindical.
Logo pela manhã, os dirigentes sindicais debateram a situação da economia nacional com o economista da subseção do Dieese na CNTM, Roberto Anacleto, que mostrou como o dinheiro público é usado para favorecer a especulação financeira e as multinacionais em detrimento da população.
Anacleto mostrou que o Brasil já pagou, só esse ano, cerca de R$ 277,3 bilhões de juros ao sistema financeiro. “Esse montante serviria para ser usado em programas de transferência de renda por 15 anos. É por isso que me indigno quando vejo alguns dirigentes do movimento sindical criticando programas como o Bolsa Família, por exemplo”, disse. Segundo Anacleto, quase metade do orçamento brasileiro é usado para amortizar a dívida com os bancos. “Boa parte do dinheiro brasileiro esta indo para especuladores. Não sobra quase nada do orçamento para a educação, saúde, infra-estrutura”, disse.
Para Anacleto, além do sistema financeiro, outro grande sugador do dinheiro público são as multinacionais. “As montadoras são altamente beneficiadas no Brasil. O setor cresceu nos últimos anos porque recebeu bilhões dos cofres públicos. É o dinheiro do trabalhador que tem financiado essas empresas no Brasil, já que uma parte dos recursos do BNDES vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Além disso, desde 2008, o governo tem aberto mão da arrecadação dessas essas empresas com isenções fiscais e outros benefícios tributários como a redução do IPI”, disse questionando: “E qual foi a contrapartida que essas empresas ofereceram ? O que isso trouxe de resultado para o trabalhador ?”
Anacleto mostrou que as isenções e incentivos fiscais atreladas aos preços dos carros faz com que as montadoras tenham praticamente custo zero na produção de automóveis no país, o que aumenta mais as taxas de juros. Apesar de o custo de produção ser mais alta no Brasil, a taxa de lucro no país (10%) é o dobro da media mundial (5%) e o triplo da dos Estados Unidos (3%). “O lucro aqui é o dobro do no mundo. As empresas não absorvem nenhum custo. Tudo é pago pelos compradores de veículos. As empresas não divulgam os balanços deles. Todos esses impostos que eles falam que pagam, na verdade é repassado para o consumidor final, ou seja, somos nós que pagamos”, disse.
Como resultado disso, não é a toa que somente as montadoras enviaram para o exterior, entre 2008 e 2014, cerca de U$ 24 bilhões. “Dinheiro que não fica no Brasil, porque eles preferem usar o dinheiro barato que emprestam do BNDES”, afirma Anacleto.
O economista também mostrou que, das fábricas automotivas instaladas no Brasil, 41% estão na base da Confederação dos Trabalhadores Metalúrgicos. Em relação ao setor de máquinas agrícolas, a base da CNTM sobe para 47%. Para Anacleto, esses dados deixam claro a importância da participação da Confederação nas discussões sobre políticas industriais. “
“isso mostra o empoderamento e deixa claro que não tem como discutir política industrial sem passar pela CNTM, o que quer dizer que a Confederação deve estar atenta para ter uma agenda de defesa dos empregos e da renda para botar na mesa”, concluiu Anacleto.
Redes Sindicais
Mônica Veloso, vice-presidente da CNTM, falou sobre o trabalho desenvolvido pela Coordenação Estratégica de Redes Sindicais – CERES- formada em 2013 com o intuito de ser um instrumento de apoio e fortalecimento das Redes Sindicais, organização dos trabalhadores de várias plantas de uma empresa multinacional, dentro ou fora do país, cujo objetivo é trocar informações, experiências e traçar uma agenda comum de atuação e reivindicação. “Com as empresas cada vez mais globalizadas é preciso que os trabalhadores também se organizem em torno de uma política sindical globalizada”, disse Mônica.
Ela mostrou como as multinacionais agem de forma a tirar vantagem e aumentar os lucros através do rebaixamento dos salários dos trabalhadores. “Quando vão se instalar ou decidem mudar suas plantas de local, as multinacionais procuram ou preferem regiões onde a organização dos trabalhadores não é forte ou é inexistente. Desse modo podem impor suas condições, que comtemplam baixa remuneração, poucos benefícios e condições precarizantes como, por exemplo, excesso de jornada de trabalho”, mostrou Mônica. “Para barrar essa postura das multinacionais, os trabalhadores das empresas começaram a se organizar em redes e para auxiliar essas redes, formamos na CNTM, a CERES”, explicou.
Entre as prerrogativas da CERES estão a formação e a qualificação de dirigentes sindicais e trabalhadores; a organização de um sistema de informações integrado; o fortalecimento do protagonismo e da atuação internacional da CNTM e fomentar a solidariedade entre os trabalhadores;
“A Ceres é uma ferramenta essencial na luta pelo fortalecimento das redes sindicais. É preciso que estejamos preparados para buscar acordos que garantam as mesmas condições que os estabelecidos nas plantas mães das empresas”, afirmou Mônica.
Como resultado do trabalho já realizado, Veloso elencou algumas conquistas, como a negociação do acordo nacional de Participação nos Lucros e Resultados na ThyssenKrup Elevadores e o acordo internacional na área de saúde e segurança fechado com a empresa Arcelormittal, após pressão da Confederação em relação às mortes de trabalhadores acontecidas nas plantas no Brasil. “Graças às trocas de informações entre as redes foi possível denunciar a situação dos trabalhadores no Brasil, o que abriu espaço para que fôssemos recebidos na matriz da empresa, em Luxemburgo, para exigir mais segurança”, mostrou Mônica.
“É muito importante o cruzamento de informações. Isso pode ser uma peça fundamental na hora de dar um xeque mate no momento de negociação. As vezes, o Sindicato sozinho não consegue fazer. E não é porque ele não quer. É preciso criar as condições para que o trabalhador possa intervir. É só há partir daí que podemos criar padrões de negociação e exigência”, finalizou.
Sindicalização
A parte da tarde iniciou com os participantes debatendo a sindicalização. O representante da UAW Richard Bessinger, contou a experiência nos Estados Unidos. Segundo o palestrante, existe um grande debate nos EUA sobre a sindicalização voluntária. Ele falou do estado de Wisconsin, onde a sindicalização era obrigatória, mas que devido ao lobby de um grupo político de direita ligado a empresários – A Comissão Nacional pelo Direito de Trabalhar – a legislação foi flexibilizada, mesmo depois do protesto de milhares de trabalhadores. O fato é que devido a essa atitude o número de trabalhadores sindicalizados caiu de 65 mil para 13 mil.
Porém, Richard não condena os políticos, ele diz que nessa nova realidade, os Sindicatos devem fazer sua parte, indo atrás dos trabalhadores para convencê-los da necessidade da sindicalização. “Para isso, é preciso ir até o trabalhador, ouvi-lo, saber o que pensa, abrir o Sindicato para eles, nem que para isso, se precise ir de porta em porta”, diz.
Além disso, o Sindicato deve estar atento não só para aumentar o número de trabalhadores sindicalizados, mas também para aumentar o nível de participação e interação do associado com a organização trabalhista. Foi a partir desses questionamentos que ele iniciou um trabalho com os Sindicatos americanos – os Focus Groups – onde são reunidos trabalhadores de várias empresas para serem ouvidos a respeito do que pensam dos Sindicatos. “O objetivo dos grupos foi identificar a visão dos trabalhadores a respeito do que pensam sobre a organização trabalhista, o que pensam”.
A ação começou a trazer resultados. “No Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público, depois que passaram a ouvir os trabalhadores, as sindicalizações dobraram. Esse é o dever do Sindicato, estar junto, ouvir, convidar a sindicalizar”.
Uma das propostas de Richard é que se formem comissões especificas nos Sindicatos focadas prioritariamente nas estratégias de Sindicalização “Precisamos formar uma rede de ativistas que perpasse todo o local de trabalho, para formar redes de sindicalizadores. A sindicalização interna é um processo de revitalização de sindicatos e uma forma de fortalecer a luta dos trabalhadores. Por isso, não pode ficar de lado”, concluiu Richard.
Intercâmbio sindical
Ginny Coughlin, representante e assessora da UAW, falou sobre o intercambio entre a UAW e os Sindicatos brasileiros. Ela lembrou que o inicio dessa parceria foi através do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, quando os trabalhadores da fábrica da Renault, em São José dos Pinhais, fizeram protestos e mobilizações contra a demissão de dois trabalhadores na fábrica a Nissam, no estado americano do Mississipi. As demissões foram revertidas. “Há partir daí, começamos nosso contato com dirigentes sindicais de Curitiba como Sérgio Butka, Paulo Pissinini, que nos abriram as portas para o contato com outras bases do Brasil”, disse.
Outra ação lembrada, foi o protesto realizado no Salão do Automóvel, em São Paulo, em novembro de 2014. Na ocasião, dirigentes sindicais e trabalhadores entraram disfarçados no evento e abriram faixas para denunciar as perseguições, praticas antisindicais e más condições dos trabalhadores americanos na Nissam. O fato ganhou grande repercussão na mídia.
Segundo Ginny, a troca de experiência tem sido muito produtiva. “Vimos como os metalúrgicos de Curitiba, que começaram a pensar estrategicamente, mudaram o Sindicato mudaram como se relacionavam com os trabalhadores, mudaram sua estrutura para levar o Sindicato ao chão da fábrica e levar o chão de fábrica para o Sindicato. Passaram a construir líderes do Sindicato no chão de fábrica”, disse.
Além disso, o trabalho realizado com a comunidade também foi ressaltado por Ginny como aprendizagem. “Vimos como o Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão tem um trabalho de relacionamento com a comunidade, de interesse pelas reivindicações não somente trabalhistas”, destacou.
A tendência é que o intercâmbio e a troca de experiências entre os trabalhadores dos dois países se fortaleça com realização de mais ações em conjuntos e também com a continuidade dos seminários como os que aconteceram em Curitiba e Gravataí. O próximo encontro está previsto para acontecer no Rio de Janeiro, em abril de 2016.
O Seminário continua nesta sexta-feira. Confira a programação:
Sexta-feira (16 de outubro)
9h às 10h
Tema: Terceirização
Palestrante: Cid Cordeiro - assessor econômico do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba
10h às 10h30min
Tema: Medidas criativas para enfrentar a crise no setor automobilístico.
Palestrante: Sidnei Alvarez, diretor da GM
10h30min às 11h30
Tema: Campanha de Sindicalização na Nissan - EUA
Palestrante: Sanchioni Butler UAW
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