PORQUE NÃO ACREDITAMOS MAIS NA RENAULT!
Carta aberta à População paranaense,
Vimos a público para esclarecer a todos os paranaenses que a greve dos trabalhadores e trabalhadoras da Renault do Brasil, que começou no último dia 22 de julho de 2020, é única e exclusivamente culpa da nova diretoria que recentemente assumiu a empresa. A vinda da Renault para o Paraná, nos anos 90, foi muito bem recebida por todos nós, paranaenses. Inclusive, uma vinda financiada com nossos impostos e patrimônio através da doação e preparação de toda a infraestrutura para a instalação da fábrica em São José dos Pinhais e da concessão e manutenção até hoje de bilionários incentivos fiscais e demais benefícios tributários. Pois bem, concordamos que todos esses benefícios fossem concedidos pois isso significava empregos e desenvolvimento para o estado.
Desde o início do funcionamento da fábrica, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba procurou estabelecer uma relação construtiva junto à diretoria da empresa visando garantir o bem-estar dos trabalhadores e o fortalecimento da empresa no competitivo mercado brasileiro. Foram inúmeras campanhas salariais, de participação nos lucros e por melhores condições de trabalho lideradas pelo Sindicato junto à empresa, assim também como campanhas para a vinda de novos produtos e ampliação e modernização da fábrica como também para vencer as crises pelo qual o mundo passava. As dificuldades das negociações, sempre que surgiam, foram superadas de maneira sensata por ambas as partes, criando uma relação sadia entre o capital e trabalho, trazendo melhorias para os trabalhadores e favorecendo a competitividade da Renault no mercado. A estratégia deu tão certo que a empresa passou a ocupar os primeiros lugares no Brasil tanto no ranking de produção e vendas como no de melhores empresas para se trabalhar.
Infelizmente, essa relação foi quebrada. Com posturas radicais e fechada ao diálogo a empresa tenta impor suas propostas sem debate, sem discussão, sem aceitar contraproposta. Com essa postura quebrou um ciclo de confiança e respeito construído ao longo de 20 anos entre os trabalhadores e a empresa. Como confiar em quem no meio de uma negociação, demite 747 pais e mães de família de uma vez só, quase metade com doenças como o Covid-19 e outras enfermidades, com atestado e em tratamento médico, tudo com o claro objetivo de obrigar os demais trabalhadores a aceitarem um pacote extremante excludente de direitos e que inclui ainda a demissão de mais 1.050 trabalhadores, a redução de salários e outros beneficios? Como acreditar em quem recebe milhões dos cofres públicos em forma de incentivos fiscais e demais benefícios tributários com o único compromisso de manter empregos e não o faz? Que prefere deixar a fábrica parada e com prejuízo por se recusar a sentar para buscar uma solução conjunta que possa manter os empregos e garantir um ambiente tranquilo e produtivo de trabalho para seus trabalhadores? Que quer voltar a métodos do século 19 na relação capital x trabalho? Enfim, não dá para confiar em uma empresa como essa.
É por isso que os trabalhadores estão em greve. Se cedermos hoje, amanhã, eles podem querer continuar com seu pacote de maldades. É por isso que não acreditamos mais na Renault.
METALÚRGICOS DA GRANDE CURITIBA
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