Hospitais espelham caos na saúde pública
Longa espera de pacientes em filas, falta de leitos, equipamentos sucateados ou inexistentes e escassez de medicamentos fazem parte da realidade da maioria dos hospitais brasileiros.
No início do último mês, baseado em um relatório do Banco Mundial que apontou má qualidade de gastos na administração hospitalar do Brasil, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, definiu a gestão dos estabelecimentos como atrasada e anacrônica.
Diante desta realidade - que não é vista como novidade, mas como um problema que já se tornou crônico e exige solução rápida - quem mais sofre é a população carente, que depende exclusivamente dos serviços do SUS (Sistema Único de Saúde).
No Paraná, o secretário de Estado da Saúde, Gilberto Martin, diz que não teria coragem de usar os termos “atrasado” e “anacrônico” para definir a qualidade da gestão dos hospitais. Entretanto, admite que existem estabelecimentos que são pautados por um modelo de gerenciamento atrasado em relação às necessidades atuais de demanda.
“Por outro lado, também existem hospitais cuja gestão funciona de maneira bastante ágil e estruturada. Entre as Santas Casas, por exemplo, há estabelecimentos com gestões muito bem-sucedidas, como a de Londrina, e outros, menores, que tentam se organizar à base de voluntariado. A Federação das Misericórdias do Paraná busca fazer qualificação de gerências, sendo exemplo de busca de aperfeiçoamento de modelo de gestão”, declara.
Segundo o secretário, grande parte dos problemas se deve ao fato de os custos das estruturas de atendimento à população serem superiores aos recursos recebidos, principalmente por parte do SUS (Sistema Único de Saúde). Atualmente, entre os hospitais filantrópicos e particulares, 60% dos atendimentos realizados devem ser pelo SUS.
“Isso atinge diretamente a capacidade de gerenciamento dos estabelecimentos. Entretanto, também são pouquíssimos os hospitais, no Paraná, que conseguem sobreviver sem o SUS. Muitos que se descredenciaram não se viabilizaram ao longo do tempo, pois os recursos do SUS ainda são fatores importantes de equilíbrio econômico dentro dos estabelecimentos.”
Na opinião de Martin, o que deve ser feito é a otimização da capacidade administrativa e de recursos dos hospitais, o que implicaria na maior oferta de serviços para atender à demanda. Para que isso se torne viável, a qualificação dos gerentes de serviços e gestores é fundamental, tornando-os atualizados sobre a realidade do sistema atual.
“A organização do fluxo de atendimento de pessoal também é importante. A secretaria está estabelecendo um sistema de organização e espera que esteja implantado até o mês de dezembro.”
Atualmente, são cerca de 530 hospitais no Paraná. Destes, cerca de 500 são credenciados ao SUS.
Fonte: Paraná Online