Grande Curitiba melhora distribuição de renda
A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) apresenta a menor desigualdade em relação aos rendimentos médios da população, quando comparada com as outras nove regiões metropolitanas do País (veja quadro). A constatação está na Síntese de Indicadores Sociais 2008, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os 10% mais ricos da população da RMC ganham 30 vezes mais que a faixa dos 10% mais pobres, menor índice entre as regiões metropolitanas do Brasil. A região de Salvador apresentou a maior disparidade, com diferença de 50 vezes.
Na RMC, a parcela mais pobre da população ganha apenas 40% do salário mínimo, o equivalente a R$ 139,28, enquanto a elite ganha quase 12 salários mínimos, o que corresponde a R$ 4.193,78.
No entanto, esses dados não são conclusivos para se afirmar que os problemas em outras áreas são menores na RMC, já que os números trabalham apenas com o topo e a base da distribuição de renda, conforme aponta o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Cássio Rolim.
A menor diferença dos rendimentos médios pode ter uma explicação na formação histórica da região, a partir do governo Lamenha Lins (presidente da Província do Paraná de 1875 a 1877), com o projeto de garantir o abastecimento alimentar de Curitiba.
“Na época pioneiro, o projeto trouxe pessoas da Europa para as colônias em volta de Curitiba, que se instalaram em pequenas chácaras”, explicou o professor. Diferente de outras regiões metropolitanas que, com a abolição da escravatura, substituíram o trabalho escravo por mão-de-obra de imigrantes europeus, a RMC teve imigrantes que se tornaram proprietários de suas terras e que aqui deixaram seus filhos e netos. “A RMC precisava de gente que aqui viesse para produzir. Os eixos de transporte de Curitiba foram construídos para ligar as colônias de imigrantes ao centro da cidade, a exemplo da Avenida Manoel Ribas, em Santa Felicidade”, completou o professor, que acredita que a tendência à menor desigualdade vem desse planejamento a longo prazo.
Imóvel
Do total de pessoas na RMC que tem imóvel próprio ou alugado, 8,2% ganha mais de cinco salários mínimos, enquanto entre os que ganham de três a cinco salários esse número é de 8,8%, e 12,8% entre os que ganham de dois a três salários. Os números apontam que a RMC está entre as regiões que mais possibilitam essa condição.
Fonte: Paraná Online