Melhor do que a encomenda
O ano de 2009, em termos de vendas de automóveis ao mercado interno, vai sair melhor do que a encomenda. Serão mais de 3 milhões de unidades, incluindo veículos comerciais. Cerca de 7% de crescimento.
O Brasil passou por teste de fogo ao suportar a crise internacional com apenas dois trimestres de recessão. O terrível passado inflacionário deixou um legado muito ruim que, curiosamente, criou possibilidades de manobra. Assim o país pôde cortar juros, depósitos compulsórios e impostos com melhores resultados do que outros, que já tinham histórico desses indicadores em nível saudável. Para estimular o mercado automobilístico, nada mais eficiente.
Nem tudo correu bem. As exportações em 2009 pela primeira vez podem ser inferiores às importações. Forçou um recuo da produção e de empregos no setor. Porém a maior parte das importações vem da Argentina, com grande conteúdo de componentes brasileiros.
Mas o que esperar do próximo ano? No seminário Autodata Perspectivas 2010, realizado na semana passada, em São Paulo, prevaleceu o otimismo. A maioria dos executivos palestrantes aposta em crescimento de 5% a 6%, em relação ao recorde de vendas internas de 2009. Algo bastante positivo, pois o estímulo de redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) acaba em 1º de janeiro.
Por outro lado, a inadimplência já começou a encolher, o que estimula a diminuição das taxas de juros dos financiamentos. O maior suporte em 2010, no entanto, virá do crescimento da economia em torno dos 5%. Só os dois primeiros meses do ano serão difíceis, pelo movimento de antecipação de compras para aproveitar o desconto no imposto ao longo de 2009.
Persistirão as dificuldades de exportar. Jackson Schneider, da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), voltou a pedir a definição de um modelo industrial que "privilegie a produção nacional e não nos leve a ser apenas compradores de veículos importados". Entre outros desafios, Rogélio Golfarb, da Ford, lembrou a escalada de novas regulamentações de segurança e emissões nos próximos anos. "Haverá aumentos de custo e peso dos veículos", lembrou. Para 2010 espera avanço do mercado interno de 5%.
Jaime Ardila, presidente da GMB, preferiu a cautela. Apesar de reconhecer que a confiança do consumidor está em alta e a economia em expansão, acha que as vendas de 2010 estarão no mesmo nível de 2009. A Fiat prevê evolução entre 1% e 5% no próximo ano. Seu diretor comercial, Lélio Ramos, está otimista para os anos seguintes: "Investimentos em transporte de massa, como os previstos nas grandes cidades, também impulsionam a venda de carros. O trânsito melhora e estimula o uso racional pelos motoristas".
O presidente da Volkswagen, Thomas Schmall, acredita no crescimento do mercado total, em 2010, de 3% a 6%. Foi incisivo sobre o futuro: "Até 2014 o Brasil pode chegar a comprar 4,2 milhões de veículos/ano, incluindo os comerciais, algo como 40% sobre 2009. E seremos muito fortes em carros pequenos e biocombustíveis". Na realidade criou o clima para os novos investimentos da empresa que seriam anunciados já esta semana.
A partir dessa escala produtiva, o consumidor brasileiro teria condições de adquirir modelos mais atuais, a bom preço e capazes de competir no exterior.
Fonte:Interpressmotor