Espaço de sobra para crescer
A contínua expansão do mercado automobilístico brasileiro e o fechamento de novos – e grandes – contratos tornaram a fábrica de Piraquara pequena demais para a multinacional japonesa Jtekt (pronuncia-se “jei-téct”). Sem autorização para ampliar sua unidade no município, onde estava instalada desde 1999, a fabricante de sistemas de direção se viu forçada a procurar outro lugar para crescer. Encontrou abrigo na vizinha São José dos Pinhais, também na Grande Curitiba, que já assiste à companhia bater recordes de produção e contratar dezenas de trabalhadores.
Construída em apenas nove meses, a nova fábrica consumiu investimentos de R$ 90 milhões, e neste ano receberá outros R$ 40 milhões. Com capacidade 60% maior que a de Piraquara, a unidade começou a operar em setembro e será inaugurada na próxima quinta-feira. Na antiga sede ainda funciona uma linha de montagem, que será transferida nos próximos dias, e o laboratório de testes, cuja mudança deve ocorrer até dezembro.
Município rico em mananciais, que abastecem Curitiba e região, Piraquara enfrenta dificuldades para atrair e manter indústrias, em razão da legislação ambiental cada vez mais restritiva. Não foi diferente com a Jtekt. Quando abriu a unidade no município, a empresa – então denominada Koyo Steering – tinha até reservado uma área para futura ampliação, mas, com o endurecimento das leis nos últimos anos, não conseguiu tirar a licença ambiental para ela.
“Trabalhamos em Piraquara o quanto foi possível. Mas, se continuássemos lá, não conseguiríamos atender às encomendas deste ano”, explica o diretor comercial e de engenharia da Jtekt no Mercosul, Lucio Pinto. A empresa, que cresceu à taxa de 20% ao ano nos últimos dois anos, produziu 660 mil sistemas de direção em 2009. Com capacidade para 800 mil unidades anuais, a fábrica de Piraquara não seria capaz de suportar o volume estimado para 2010 – algo entre 850 mil e 900 mil sistemas, o que representa um aumento de até 36% no ano.
“Nossa previsão era de produzir 68,3 mil sistemas de direção em março. Mas terminamos o mês com 74,1 mil, algo que não seria possível na outra fábrica”, conta o executivo. No processo de mudança, diz Lucio, a empresa procurou manter o maior número possível de funcionários de Piraquara. Mas a maior parte dos novos contratados é de São José. A companhia, que em dezembro empregava pouco mais de 300 pessoas, já tem 350 funcionários, e pretende contratar outros 100 até o fim deste ano.
O desempenho da Jtekt está vinculado ao das vendas de automóveis no país, que batem recordes há vários anos. Mas o diretor diz que ainda mais importantes foram os contratos fechados nos últimos anos, que garantiram à empresa preciosos ganhos de participação no mercado. “A empresa veio para o Paraná junto com as grandes montadoras, e seu principal cliente era a Renault. Aos poucos, foram surgindo novos projetos, com outras montadoras. Mas a Jtekt começou a tomar corpo mesmo a partir de 2006, quando venceu as concorrências para fabricar os sistemas de direção do novo Gol, da Volkswagen, e do Agile, da General Motors”, explica Lucio. “Antes do Gol, respondíamos por 15% da produção nacional de sistemas de direção. No ano passado, fechamos em 22%. Neste ano, devemos chegar a 26% do mercado.”
Entre os motivos para o avanço de quatro pontos porcentuais projetado para 2010, estão o incremento natural da produção do Agile – o veículo foi lançado apenas no último trimestre de 2009 – e o início do fornecimento para a Fiat, líder do mercado nacional de automóveis. “Vamos participar de um novo projeto da montadora, que ganhamos em 2008, e cuja produção começa no segundo semestre”, revela o executivo. Além das montadoras já citadas, também constam do rol de clientes da Jtekt a Toyota, montadora que é sua principal acionista, e Peugeot/Citroën.
Fonte: Gazeta Online