Dilma reforça agenda com movimentos sociais
Sob aplausos e saudações de parte das 70 mil militantes rurais que foram ontem a Brasília para apresentar ao governo uma pauta com 158 demandas contra violência e exploração das mulheres no campo, a presidente Dilma Rousseff anunciou um pacote de medidas nas áreas de financiamento agrícola, saúde, educação e segurança. Às participantes da chamada Marcha das Margaridas, Dilma anunciou uma medida oficializada ontem no Diário Oficial, que reserva exclusivamente a mulheres uma parcela dos recursos do Programa de Aquisição de Alimentos, administrado pelo ministério do desenvolvimento Sustentável.
Dilma atrasou em uma hora a chegada ao encontro, prevista para as 16 horas, e, ao discursar, trocou o sobrenome do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, pelo de Wagner Rossi - que ontem pediu demissão do cargo de ministro da Agricultura, depois de ser atingido por denúncias de irregularidades (Agnelo Rossi é, também, o nome do cardeal paulista falecido em 1995).
Recebida com entusiasmo pelas militantes, a presidente anunciou a entrega de oito unidades de saúde fluviais neste ano e prometeu mais oito para 2012.
Dilma anunciou, ainda, a criação de centros de referência em saúde para mulheres das áreas rurais e da floresta, com programas voltados à redução da mortalidade infantil e materna; um programa de vigilância de saúde para a população do campo exposta a agrotóxicos; e o lançamento de dez unidades judiciais móveis para atender a mulheres vítimas de violência doméstica. O governo, segundo a presidente, criou um grupo interministerial para criação de creches nas áreas rurais e pretende aumentar a participação de mulheres nos conselhos de merenda escolar.
Segundo o Diário Oficial de ontem, na seleção de beneficiados e liberação de recursos do Programa de Aquisição de Alimentos, terão prioridade as mulheres pertencentes a organizações rurais. O governo destinará 5%, dos R$ 34 milhões previstos para 2011, a cooperativas e outras organizações compostas por, pelo menos, 70% de mulheres. A partir de dezembro, o programa exigirá de outras associações beneficiarias de suas principais linhas de apoio rural a participação de, pelo menos, 30% de mulheres. O governo espera atender a dez mil agricultores neste ano com o programa de aquisição de alimentos, que dá direito a até R$ 1,5 milhão a cada cooperativa ou associação, garantindo R$ 8 mil anuais a cada agricultor beneficiado.
A Marcha das Margaridas, coordenada pelo Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, tem a participação da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), 27 federações e milhares de sindicatos do setor. O nome é uma homenagem à sindicalista rural Margarida Maria Alves, assassinada em 1983, na Paraíba. Às voltas com uma crise entre os partidos aliados, levantada pelas denúncias e ações contra corrupção no governo, Dilma teve na Marcha seu segundo compromisso do dia com os movimentos sociais. Antes de encontrar-se com as sindicalistas, ela recebeu centrais sindicais no Planalto.
Fonte: IHU/Valor Economico