“Indústria da Páscoa” briga por temporários
O mercado espera um aumento na oferta de vagas aos trabalhadores temporários para o período de Páscoa. Mas, em meio ao aquecimento da economia, a dificuldade para "fisgar" esse trabalhador fica cada vez maior.
Antes do Natal, por exemplo, a "indústria da Páscoa" tinha dificuldade para contratar temporários, que em geral preferiam o varejo natalino. E agora as fábricas e o varejo de chocolates enfrentam a concorrência de outros segmentos – lojas de cosméticos, celulares e outros produtos com promoções voltadas à Páscoa também correm atrás de temporários – no caso, promotores de vendas. Para segurar o trabalhador, há quem ofereça benefícios adicionais (bônus, por exemplo) para quem cumprir todo o período de trabalho, sem desistir no meio do caminho.
No ano passado, 70 mil vagas temporárias foram abertas em todo o Brasil com vistas à Páscoa, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem). O crescimento em relação a 2010 foi de 10,5%. A Asserttem ainda não divulgou um levantamento sobre a Páscoa de 2012, mas, ao que tudo indica, deve haver um novo aumento no número de vagas.
A indústria de chocolate acelera a partir de outubro, quando começam as contratações de temporários. Na Barion, localizada em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, houve uma alta de 50% no quadro de pessoal: hoje trabalham na empresa 240 funcionários e 120 temporários.
"Começa-se a trabalhar na produção antes do Natal, e entre dezembro, janeiro e fevereiro. Não conseguimos preencher o quadro antes do Natal porque as pessoas estavam trabalhando no varejo. Assim que passa a euforia nas lojas, conseguimos funcionários para a indústria", conta o diretor-geral da empresa, Rommel Barion.
Na unidade curitibana da Kraft Foods Brasil, fabricante da Lacta, foram contratados 1,2 mil temporários para a produção de 27 milhões de unidades de ovos de chocolate. De acordo com a empresa, cerca de 30% destes profissionais são efetivados após a Páscoa.
Confiança
Entretanto, não são apenas as grandes fábricas de chocolate que estão correndo atrás de temporários. A Ana Tereza Chocolates está com a produção a todo vapor para a Páscoa desde o dia 26 de dezembro e um grau de efetivação muito grande – reflexo da falta de profissionais no mercado. "Passado o Natal, mudamos o foco para a Páscoa. Contratamos dez pessoas, mas sete já entraram como efetivos. No geral, são pessoas que já trabalharam com a gente", comenta Ariel Calisto, sócio-gerente da empresa.
A relação de confiança é decisiva na contratação de profissionais em pequenos estabelecimentos. Na loja de chocolates Susseplatz haverá a contratação de mais uma pessoa para as vendas de chocolates – a pessoa precisa ter conhecimento na área, pois não haveria tempo de efetuar treinamento, segundo Priscila Amaral Schimidt, sócia da empresa. "Neste ano vamos contratar um temporário, como freelancer, para darmos conta do movimento. Geralmente chamamos alguém que já conhecemos, que já trabalhou com a gente. Como a pessoa não chega a ficar um mês, precisamos de alguém já qualificado para o trabalho, mas é complicado encontrar profissionais qualificados neste mercado", diz Priscila.
Funções
As funções mais demandadas pela indústria durante o período de produção de chocolates, que se estende até o fim de fevereiro, são auxiliar de produção, auxiliar de expedição, motorista, entregador, auxiliar de cozinha, promotor de venda, estoquista e operador de empilhadeira.
Fonte: Gazeta Online