Salários ficaram estáveis no Paraná
Quase a totalidade (98,1%) das negociações salariais realizadas no Paraná em 2007 asseguraram a reposição da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) - entre 2006 e 2007 a inflação acumulada foi inferior a 4%.
Em 92,5% delas, foi registrado aumento real (acima da inflação). O cenário positivo foi apresentado ontem pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No Brasil, 96% das 715 negociações obtiveram no mínimo a reposição da inflação no ano passado. Mas, embora 87,7% das negociações tenham obtido reajustes acima da inflação, número semelhante ao de 2006 (86,3%), desse total, somente 1,6% das categorias conseguiu aumentos reais acima de 5%, ante 2,5% em 2006. O porcentual de categorias que conseguiu aumentos reais entre 4,01% e 5% foi de 3% em 2006; em 2007, foi menor, de 1,3%. Os aumentos reais entre 3,01% e 4% chegaram a 8,1% em 2006, mas ficaram em apenas 3,2% em 2007. Aumentos reais entre 2,01% e 3% foram conquistados por 23% das categorias em 2006, e por 14,8% em 2007
Em 2007, 40,5% das categorias conseguiu aumentos reais entre 1,01% e 2% - ante 33,1% em 2006. Os aumentos reais entre 0,01% e 1% foram obtidos por 38,6% das categorias - contra 30,3% em 2006.
No Paraná, foram analisados 53 documentos de negociação, e quase todos obtiveram o zeramento da inflação. Os dados animadores se devem à agricultura e à agroindústria, segundo análise do economista do Dieese no Paraná, Sandro Silva. Depois de dois anos enfrentando problemas (2005 e 2006), o setor finalmente apresentou resultados positivos em 2007 (quando vivenciou uma das melhores safras), e foi um dos fatores determinantes para o bom desempenho das negociações salariais.
Silva disse ainda que outros fatores também influenciaram no bom resultado das negociações, como o crescimento da economia, a queda no desemprego, os juros baixos e a facilidade de crédito. “Em 2004 tivemos a retomada do crescimento puxado pelas exportações. Já no ano passado e neste ano estamos verificando maior influência do mercado interno”, comentou.
No País, destaca-se a indústria, na qual 94% das categorias tiveram aumento real de salário acima do INPC. No comércio, o percentual chegou a 85%, e no setor de serviços, a 81% das negociações. No que se refere às diferentes datas-base, os resultados não tiveram muita diferença. Na totalidade das negociações de julho houve ganhos reais. Em novembro, 98% delas obtiveram este resultado. Em outubro, foi verificada a pior situação: 73,7% das negociações asseguraram reajustes acima do INPC.
Pontos negativos
Apesar do quadro otimista (os economistas estão na expectativa de que o ano de 2008 repita o bom desempenho de 2007), o trabalhador pode, muitas vezes, não sair ganhando nessas negociações. Apesar do bom desempenho, os índices de aumento real ainda estão mais baixos do que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).
Segundo o Dieese, somente em 2004 (quando o PIB do ano anterior correspondeu a 1,1%) foi significativa a proporção de negociações que resultaram em aumentos reais iguais ou superiores a esse indicador (44% delas). Nos anos posteriores, quando a variação do PIB oscilou entre 3% e 6%, foi muito pequeno o percentual de negociações que conquistaram aumentos reais na mesma proporção. Em 2005, houve crescimento de 5,7% no PIB do ano anterior, mas ninguém obteve ganhos reais nessa proporção.
Já em 2006, quando o PIB cresceu 3,2% no ano anterior, apenas 10% das negociações coletivas garantiram aumentos reais, iguais ou superiores a esse índice. “Isso gera concentração de renda, ou seja, os empresários se apropriam dos valores, e também os governos, se houver aumento da carga tributária”, afirmou Silva.
Fonte: Paraná Online