Jaguar Land Rover inaugura fábrica brasileira
Dois anos e meio após anunciar investimento de R$ 750 milhões para construir sua primeira unidade industrial própria fora do Reino Unido, a Jaguar Land Rover (JLR) inaugurou oficialmente na terça-feira, 14, sua linha de montagem brasileira em Itatiaia – a quarta planta de veículos na região sul-fluminense do Rio de Janeiro, que já conta com MAN, PSA Peugeot Citroën e Nissan. Instalada no belo cenário emoldurado pela cadeia de montanhas das Agulhas Negras, a primeira fabricante britânica a fazer automóveis na América Latina é a última da leva de marcas premium a fixar operação local depois que o governo brasileiro criou, em 2012, o Inovar-Auto, política para o setor automotivo que instituiu a sobretaxação de 30 pontos porcentuais extras de IPI a carros importados, e assim praticamente obrigou empresas que quisessem crescer no País a produzir localmente.
Construída em pouco mais de um ano em um terreno de 60 mil metros quadrados, é uma operação ainda pequena, com capacidade para montar 24 mil unidades/ano, credenciada no regime especial do Inovar-Auto, que permite a instalação de plantas de baixo volume que trabalham com maior quantidade de componentes importados – Audi, BMW e Mercedes-Benz já operam da mesma maneira no Brasil.
De início, só a linha de montagem final de Itatiaia está operacional em enorme área com muitos espaços ociosos de 600 metros quadrados, mostrando que as ambições futuras são bem maiores do que o lento ritmo inicial de produção de apenas um veículo por hora em um único turno de oito horas de segunda a sexta-feira. A capacidade é bem maior, de nove unidades/hora. “Claro que planejamos a fábrica pensando em pelo menos mais cinco anos adiante, quando esperamos que o mercado brasileiro volte a crescer, aí poderemos aproveitar todo o potencial que instalamos aqui”, afirma Frank Wittemann, presidente da JLR América Latina e Caribe. Segundo ele, a expectativa quando o investimento foi anunciado era de que o primeiro turno chegasse ao topo de 12 mil carros/ano mais rápido, mas com a retração do mercado Wittmann admite que isso deve demorar pelo menos até o fim de 2017 para acontecer.
Com a demanda retraída, não foi dado prazo para que as áreas de soldagem e pintura entrem em operação, embora já exista espaço suficiente para isso. No momento, as carrocerias chegam da Inglaterra armadas e pintadas, em sistema de kits SKD. Ao caminhar pelos 150 metros de comprimento da linha de montagem brasileira da JLR, fica nítida a grande quantidade de componentes importados usado na produção do Range Rover Evoque, o primeiro Land Rover nacionalizado, a quem o Discovery Sport deve se juntar até o fim de julho. Por enquanto, já são comprados no Brasil vidros da Pilkington, bancos e baterias da Johnson Controls, escapamentos da Benteler, que também faz a montagem do conjunto motor e seus periféricos, radiador e suspensão – parte do serviço é feita na vizinha unidade da Benteler em Porto Real e a finalização no interior da fábrica da JLR em Itatiaia.
OPERAÇÃO IMPORTANTE
Apesar da modesta operação inicial em um mercado retraído, a JLR garante que este é um passo importante em sua estratégia mundial. “Seguimos o princípio que a produção deve seguir o mercado. A abertura de novas instalações no Brasil representa o mais recente marco na nossa expansão global”, afirmou Wolfgang Stadler, diretor-executivo de manufatura global da JLR, que tem seis plantas no Reino Unido, uma joint venture com a Chery para produção na China e outra linha de montagem na Índia com a empresa controladora Tata Motors, que comprou a JLR da Ford em 2007.
“Este é um mercado importante para nós, porque lideramos aqui um terço das vendas de SUVs premium. Não estamos preocupados com os altos e baixos da economia porque quando fazemos um investimento dessa magnitude olhamos para os próximos 20 a 30 anos”, destaca Stadler.
A pequena operação industrial brasileira da JLR foi viabilizada pela concessão de incentivos tributários. A montagem local também evita o pagamento de imposto de importação de 35% de dois modelos Land Rover que respondem por 70% de suas vendas no mercado brasileiro, o Range Rover Evoque e o Discovery Sport. Mais recentemente, também foram concedidos pelo governo federal ex-tarifários, com redução da alíquota de importação para 2%, de importantes itens importados usados na produção, incluindo os motores.
Não serão reduzidos os preços dos veículos montados em Itatiaia em relação aos importados. A ideia é usar a nacionalização para reduzir a exposição cambial e compensar com a redução de impostos já obtida a depreciação do real, que torna mais caros os componentes importados. Mesmo com preços que giram acima dos R$ 200 mil, a meta é assegurar a liderança de vendas de SUVs de luxo no mercado brasileiro, onde um a cada três modelos vendidos no segmento é Land Rover.
Ao menos por enquanto as exportações estão fora dos planos, 100% dos carros montados localmente serão destinados somente a clientes brasileiros. “Não quero antecipar o futuro, mas não vamos deixar de examinar as oportunidades que surgirem. No momento, no entanto, o plano é abastecer só o Brasil”, diz Stadler.
A fábrica é flexível, tem ambas as marcas do grupo, Jaguar e Land Rover, estampadas na entrada, pode fazer outros modelos, mas no momento não há planos para expandir o portfólio montado no Brasil. “Não ficaria surpreso se no futuro esta unidade fizesse outros tipos de carros, continuamos atentos às possibilidades, mas não temos planos de fazer isso agora”, garante Stadler.
MERCADO SEGUE PROMISSOR
Apesar de as vendas da Land Rover no Brasil terem caído 6,5% de 2014 para 2015, com 8,8 mil emplacamentos, com nova queda de 8% anotada de janeiro a maio deste ano na comparação com o mesmo período de 2015, com pouco mais de 3 mil unidades vendidas, os negócios acabaram sendo compensados pelo crescimento acima de 70% nas vendas da Jaguar este ano, mas com volume ainda modesto de 224 carros. “A volatilidade em mercados emergentes é normal, o momento realmente é difícil e as vendas estão caindo, mas conseguimos ficar quase estáveis e este ano devemos repetir o número do ano passado, em torno de 10 mil unidades. No próximo ano esperamos voltar a crescer”, afirma Frank Wittemann.
A aposta, assim como apostam as outras marcas premium que se instalaram no Brasil, é que o segmento no País decole para bastante além da fatia atual de 2,5% e chegue aos 10% das vendas, como é comum em diversos outros países. “O mercado está em queda mas o potencial do País continua intacto. Temos certeza que o crescimento vai voltar, especialmente no segmento premium”, avalia o executivo.
PROJETO EDUCACIONAL
Junto com a fábrica e a criação de 300 empregos diretos e cerca de mil outros na cadeia de produção, a JLR espera ajudar a acelerar o desenvolvimento do polo automotivo sul-fluminense por meio da divulgação de sua presença e seus valores corporativos na região, estreitando laços com a comunidade local. Também foi inaugurado em Itatiaia o primeiro Centro Educacional (EBPC) da Jaguar Land Rover fora do Reino Unido, que em conjunto com o Senai irá oferecer programas de educação e atividades em sala de aula para até 12 mil crianças de 5 a 18 anos em escolas locais por ano.
Os cursos são voltados para áreas como engenharia, manufatura e outras atividades relacionadas ao negócio automotivo. “Nosso EBPC é apenas um passo que estamos dando para entregar programas educacionais interessantes a crianças de diversas idades. A nossa ambição é incentivá-las a considerar uma carreira na indústria automotiva no futuro”, explica Stadler.
Dentro de seu projeto educacional, a Jaguar Land Rover lançou em 2015 o programa “Inspirando os Trabalhadores de Amanhã” e mais de 100 alunos completaram o curso, dos quais 12 estão trabalhando na fábrica e outros estão também empregados na indústria automotiva da região. O programa oferece experiência de trabalho, formação e qualificações para as pessoas em situação de desemprego, a fim de prepará-los para oportunidades na indústria automotiva. É o primeiro projeto de formação que a JLR adota fora da matriz, no Reino Unido.
Fonte: Automotive Business
Construída em pouco mais de um ano em um terreno de 60 mil metros quadrados, é uma operação ainda pequena, com capacidade para montar 24 mil unidades/ano, credenciada no regime especial do Inovar-Auto, que permite a instalação de plantas de baixo volume que trabalham com maior quantidade de componentes importados – Audi, BMW e Mercedes-Benz já operam da mesma maneira no Brasil.
De início, só a linha de montagem final de Itatiaia está operacional em enorme área com muitos espaços ociosos de 600 metros quadrados, mostrando que as ambições futuras são bem maiores do que o lento ritmo inicial de produção de apenas um veículo por hora em um único turno de oito horas de segunda a sexta-feira. A capacidade é bem maior, de nove unidades/hora. “Claro que planejamos a fábrica pensando em pelo menos mais cinco anos adiante, quando esperamos que o mercado brasileiro volte a crescer, aí poderemos aproveitar todo o potencial que instalamos aqui”, afirma Frank Wittemann, presidente da JLR América Latina e Caribe. Segundo ele, a expectativa quando o investimento foi anunciado era de que o primeiro turno chegasse ao topo de 12 mil carros/ano mais rápido, mas com a retração do mercado Wittmann admite que isso deve demorar pelo menos até o fim de 2017 para acontecer.
Com a demanda retraída, não foi dado prazo para que as áreas de soldagem e pintura entrem em operação, embora já exista espaço suficiente para isso. No momento, as carrocerias chegam da Inglaterra armadas e pintadas, em sistema de kits SKD. Ao caminhar pelos 150 metros de comprimento da linha de montagem brasileira da JLR, fica nítida a grande quantidade de componentes importados usado na produção do Range Rover Evoque, o primeiro Land Rover nacionalizado, a quem o Discovery Sport deve se juntar até o fim de julho. Por enquanto, já são comprados no Brasil vidros da Pilkington, bancos e baterias da Johnson Controls, escapamentos da Benteler, que também faz a montagem do conjunto motor e seus periféricos, radiador e suspensão – parte do serviço é feita na vizinha unidade da Benteler em Porto Real e a finalização no interior da fábrica da JLR em Itatiaia.
OPERAÇÃO IMPORTANTE
Apesar da modesta operação inicial em um mercado retraído, a JLR garante que este é um passo importante em sua estratégia mundial. “Seguimos o princípio que a produção deve seguir o mercado. A abertura de novas instalações no Brasil representa o mais recente marco na nossa expansão global”, afirmou Wolfgang Stadler, diretor-executivo de manufatura global da JLR, que tem seis plantas no Reino Unido, uma joint venture com a Chery para produção na China e outra linha de montagem na Índia com a empresa controladora Tata Motors, que comprou a JLR da Ford em 2007.
“Este é um mercado importante para nós, porque lideramos aqui um terço das vendas de SUVs premium. Não estamos preocupados com os altos e baixos da economia porque quando fazemos um investimento dessa magnitude olhamos para os próximos 20 a 30 anos”, destaca Stadler.
A pequena operação industrial brasileira da JLR foi viabilizada pela concessão de incentivos tributários. A montagem local também evita o pagamento de imposto de importação de 35% de dois modelos Land Rover que respondem por 70% de suas vendas no mercado brasileiro, o Range Rover Evoque e o Discovery Sport. Mais recentemente, também foram concedidos pelo governo federal ex-tarifários, com redução da alíquota de importação para 2%, de importantes itens importados usados na produção, incluindo os motores.
Não serão reduzidos os preços dos veículos montados em Itatiaia em relação aos importados. A ideia é usar a nacionalização para reduzir a exposição cambial e compensar com a redução de impostos já obtida a depreciação do real, que torna mais caros os componentes importados. Mesmo com preços que giram acima dos R$ 200 mil, a meta é assegurar a liderança de vendas de SUVs de luxo no mercado brasileiro, onde um a cada três modelos vendidos no segmento é Land Rover.
Ao menos por enquanto as exportações estão fora dos planos, 100% dos carros montados localmente serão destinados somente a clientes brasileiros. “Não quero antecipar o futuro, mas não vamos deixar de examinar as oportunidades que surgirem. No momento, no entanto, o plano é abastecer só o Brasil”, diz Stadler.
A fábrica é flexível, tem ambas as marcas do grupo, Jaguar e Land Rover, estampadas na entrada, pode fazer outros modelos, mas no momento não há planos para expandir o portfólio montado no Brasil. “Não ficaria surpreso se no futuro esta unidade fizesse outros tipos de carros, continuamos atentos às possibilidades, mas não temos planos de fazer isso agora”, garante Stadler.
MERCADO SEGUE PROMISSOR
Apesar de as vendas da Land Rover no Brasil terem caído 6,5% de 2014 para 2015, com 8,8 mil emplacamentos, com nova queda de 8% anotada de janeiro a maio deste ano na comparação com o mesmo período de 2015, com pouco mais de 3 mil unidades vendidas, os negócios acabaram sendo compensados pelo crescimento acima de 70% nas vendas da Jaguar este ano, mas com volume ainda modesto de 224 carros. “A volatilidade em mercados emergentes é normal, o momento realmente é difícil e as vendas estão caindo, mas conseguimos ficar quase estáveis e este ano devemos repetir o número do ano passado, em torno de 10 mil unidades. No próximo ano esperamos voltar a crescer”, afirma Frank Wittemann.
A aposta, assim como apostam as outras marcas premium que se instalaram no Brasil, é que o segmento no País decole para bastante além da fatia atual de 2,5% e chegue aos 10% das vendas, como é comum em diversos outros países. “O mercado está em queda mas o potencial do País continua intacto. Temos certeza que o crescimento vai voltar, especialmente no segmento premium”, avalia o executivo.
PROJETO EDUCACIONAL
Junto com a fábrica e a criação de 300 empregos diretos e cerca de mil outros na cadeia de produção, a JLR espera ajudar a acelerar o desenvolvimento do polo automotivo sul-fluminense por meio da divulgação de sua presença e seus valores corporativos na região, estreitando laços com a comunidade local. Também foi inaugurado em Itatiaia o primeiro Centro Educacional (EBPC) da Jaguar Land Rover fora do Reino Unido, que em conjunto com o Senai irá oferecer programas de educação e atividades em sala de aula para até 12 mil crianças de 5 a 18 anos em escolas locais por ano.
Os cursos são voltados para áreas como engenharia, manufatura e outras atividades relacionadas ao negócio automotivo. “Nosso EBPC é apenas um passo que estamos dando para entregar programas educacionais interessantes a crianças de diversas idades. A nossa ambição é incentivá-las a considerar uma carreira na indústria automotiva no futuro”, explica Stadler.
Dentro de seu projeto educacional, a Jaguar Land Rover lançou em 2015 o programa “Inspirando os Trabalhadores de Amanhã” e mais de 100 alunos completaram o curso, dos quais 12 estão trabalhando na fábrica e outros estão também empregados na indústria automotiva da região. O programa oferece experiência de trabalho, formação e qualificações para as pessoas em situação de desemprego, a fim de prepará-los para oportunidades na indústria automotiva. É o primeiro projeto de formação que a JLR adota fora da matriz, no Reino Unido.
Fonte: Automotive Business