Governo barra exportação de arroz
Para garantir o abastecimento interno e conter a alta dos preços, o governo decidiu suspender temporariamente as exportações de arroz, que poderiam chegar a 800 mil toneladas neste ano. A decisão foi anunciada ontem pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, no Palácio do Planalto, após o lançamento de medidas de apoio à pesquisa agrícola, o chamado PAC da Embrapa.
"O Brasil é auto-suficiente em arroz e tem um pequeno estoque excedente, mas, para a segurança do abastecimento nos próximos seis a oito meses, quando virá o período da entressafra, as exportações foram suspensas", disse Stephanes, lembrando que países africanos e sul-americanos haviam demonstrado interesse em importar cerca de 500 mil toneladas de arroz do Brasil.
A decisão do governo brasileiro segue uma tendência mundial. Nas últimas semanas, os maiores produtores mundiais de arroz, localizados na Ásia, também anunciaram a suspensão das exportações, o que, segundo o ministro, pode causar desequilíbrio na oferta mundial.
"Vamos acompanhar o movimento dos maiores produtores mundiais. Com o preço favorável, é possível que haja um aumento na produção e a situação do abastecimento seja sanada até o ano que vem. Com base nisso é que vamos tomar outras providências no Brasil."
Os preços do arroz no mercado interno subiram cerca de 30% nas últimas semanas. Diante da alta, o governo convocou a iniciativa privada para uma reunião hoje, em Brasília, quando será discutida a melhor forma de vender parte dos estoques públicos de 1,4 milhão de toneladas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume é suficiente para suprir a demanda por aproximadamente 45 dias, mas a quantidade a ser vendida será definida hoje.
Com o anúncio de venda dos estoques, o governo pretende estimular a comercialização da safra no mercado interno, já que 80% das lavouras foram colhidas, mas muito pouco foi vendido desde março, quando a colheita começou. Da safra total de cerca de 12 milhões de toneladas, apenas 1,5 milhão de toneladas foi vendida até agora, de acordo com o governo. Na avaliação das autoridades, os produtores estão retendo a produção à espera de novas altas das cotações.
"Vamos programar um leilão para ver se o mercado volta ao normal", disse o diretor de Comercialização e Abastecimento Agrícola e Pecuário, José Maria dos Anjos, do Ministério da Agricultura.
Os rizicultores não gostaram da idéia. O presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, lembrou que os produtores tiveram prejuízo nos últimos anos e não é justo o governo intervir no momento em que os preços estão em níveis melhores e acima dos custos de produção, estimados em R$ 26 por saca de 50 quilos.
Fonte: Estadão