
Cerca de 70% da população brasileira apoia a taxação de grandes fortunas
O Brasil é um dos países que lidera o debate global sobre a taxação mais elevada da renda dos mais ricos no G20, enquanto, internamente, ainda discute a criação de um Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF). Dados de uma pesquisa realizada pela Ipsos (empresa multinacional francesa de pesquisa de mercado e consultoria) divulgados em junho de 2024, indicam que 70% dos brasileiros apoiam a medida, um dos maiores índices entre as grandes economias mundiais.
A visão de que os mais ricos devem contribuir mais para os cofres públicos é um ponto de discussão para os trabalhadores. A proposta do governo de cobrar um Imposto de Renda mínimo para quem ganha mais de R$50 mil por mês vem sendo apoiada por grande parte do país. Dados de pesquisas mais recentes, como o Datafolha, mostram que a medida é apoiada principalmente por pessoas com mais de 45 anos (80% dessa faixa disseram apoiar a proposta). Já o menor percentual de apoio está entre empresários e pessoas com menos de 30 anos. O apoio a um imposto sobre a riqueza é mais alto na Indonésia, Turquia, Reino Unido e Índia; e mais baixo na Arábia Saudita, Argentina e Dinamarca. Porém, mesmo nesses países, mais da metade das populações pesquisadas é favorável à tributação.
O IGF está presente na Constituição Federal de 1988, mas nunca foi regulamentado. O artigo 153 da Constituição Federal determina que compete à União instituir impostos sobre grandes fortunas mediante lei complementar. Após quase 37 anos, a medida nunca saiu do papel. O Projeto de Lei Complementar PLP 183/2019, que propõe a criação do Imposto sobre Grandes Fortunas, encontra-se parado no Senado, aguardando sua designação. Essa situação mostra a resistência política em avançar com o tema. Mais recentemente, o PL 1087/2025, que propõe a reforma do Imposto de Renda, trouxe o assunto à tona novamente.
Enquanto o debate se prolonga e a regulamentação do IGF é adiada, o Brasil permanece entre os países mais desiguais do mundo. A concentração de renda avança, a pobreza se amplia e os serviços públicos, essenciais à classe trabalhadora, sofrem com a escassez de recursos. Para entidades sindicais, a manutenção desse cenário atende aos interesses de uma minoria.
Os metalúrgicos e outras categorias acompanham de perto as discussões e reafirmam a urgência da mudança. A taxação das grandes fortunas é, para os trabalhadores, uma medida de justiça social, indispensável para a construção de um país mais justo, solidário e comprometido com seu povo.
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