Em Londrina, Presidentes da Força Sindical Nacional e do Paraná debatem como reorganizar e fortalecer o movimento sindical
Miguel Torres, presidente da Força Sindical e da CNTM, e Sérgio Butka, presidente da Força Paraná e da Federação dos Metalúrgicos do Paraná, discutiram com as lideranças do estado o futuro das entidades sindicais
De olho no futuro, Miguel Torres, presidente da Força Sindical e da CNTM, e Sérgio Butka, presidente da Força Paraná e da Federação dos Metalúrgicos do Paraná, se reuniram em Londrina na manhã desta quarta-feira (15) para discutir junto com as principais lideranças do Paraná o melhor caminho para reorganizar o movimento sindical após os desmandos da Reforma Trabalhista.
Questões como novos modelos de representação, custeio sindical, reorganização das bases e combate as ações antissindicais foram alguns dos temas discutidos no encontro, que também serviu de preparação para o encontro do Fórum Estadual em Defesa da Liberdade Sindical, uma iniciativa do Ministério Público do Trabalho, que se reunirá em Londrina no próximo dia 23.
O encontro, que começou com as falas dos presidentes da Força Sindical, Miguel Torres e Sérgio Butka, teve o tom de reflexão para os lideres presentes. De acordo com os lideres sindicais, é chagada a hora de dar um segundo passo no combate à Reforma Trabalhista, que é repensar em como reorganizar as entidades que estão sobrevivendo a este ataque. Segundo os presidentes, só a reorganização do movimento vai ser capaz de, neste momento de superar as ações antissindicais, fortalecer os sindicatos, centrais, federações e confederações que de fato lutam pelos trabalhadores.
“Muitas entidades neste momento têm pensado em enxugar a máquina, cortar custos, vender sedes, na tentativa de se manter ativas, mas poucas têm tratado de um passo muito mais importante que é como vamos atuar daqui para frente. Vamos continuar com a mesma forma de atuação e parar de conquistar ou vamos partir para um novo modelo que permite avançar nos acordos para os trabalhadores do Paraná?”, questionou Sérgio Butka, presidente dos metalúrgicos do Paraná e da Força Paraná.
Miguel Torres, presidente da Força Sindical e da CNTM, também acredita que, com a Reforma Trabalhista os desafios mudam e, por isso, é preciso mudar também a forma como o Sindicato atua: “É preciso mudar como atuamos e um primeiro passo dessa mudança é aumentar ainda mais a nossa presença na base, nas portas de fábrica. É com essa aproximação maior entre Sindicato e trabalhador é que vamos mostrar como essa relação é essencial e fazendo isso é que vamos começar a reverter à situação do financiamento e custeio das entidades”.
O futuro do Sindicato e o combate as ações antissindicais
Também durante o encontro realizado em Londrina, o advogado trabalhista Dr. Iraci Borges, o supervisor técnico do DIEESE-SP, Victor Gnecco Soares Pagani, e lideranças sindicais que participam do Fórum Estadual em Defesa da Liberdade Sindical, como Nelson Silva, dos metalúrgicos de Curitiba; Anderson Teixeira, presidente dos motoristas e cobradores de Curitiba; e Divanzir Chiminacio, dos contabilistas do Paraná; passaram explicações e experiências de combate às ações antissindicais.
Para o advogado Dr. Iraci Borges, não é de hoje que o movimento sindical convive com as ações antissindicais vindas de todos os lados, “mas, por muito tempo e em muitas ocasiões, optou por não agir contra isso”. Para o advogado, um exemplo desta falta de ação do movimento é que “no Código Penal se fala em Crime Contra a Organização do Trabalho, as práticas antissindicais, mas em todos esses anos nunca vimos alguém que fosse indiciado por isso”.
Já sobre o futuro do movimento sindical, o economista e supervisor técnico do Dieese-SP, Victor Gnecco Soares Pagani, destacou que a reorganização do movimento será um dos únicos caminhos para que ele sobreviva.
Para o supervisor técnico, muitos pontos que começam a mudar agora precisam ser levados em conta nessa reorganização. As novas relações de trabalho, por exemplo, é um destes pontos.
“A Reforma trouxe muitas novas formas de trabalho e muitas outras, até pela modernização e digitalização da produção começam a surgir. O trabalho intermitente, os PJs, os terceirizados, os temporários são alguns exemplos. Quem vai representar todo esse pessoal? Vamos criar dezenas de novos sindicatos ou vamos rearranjar e fortalecer os que já existem?”, questionou Pagani.
Outra questão levantada pelo representante do Dieese-SP é a rotatividade dos profissionais neste novo mercado de trabalho. “Muita gente muda de categoria em pouco tempo, se ele era sócio de um sindicato ele passa a ter que ser sócio de outro, isso afasta muita gente, pois dificilmente ele vai fazer todo o processo de se sindicalizar várias e várias vezes em pouco tempo. Por que então não começar a pensar em sindicatos que englobem mais de uma categoria em mais de um município? Como vamos atender esses trabalhadores do futuro mantendo um sistema que não acompanha isso”, destacou.
Acompanhar a modernidade e a digitalização para acompanhar os jovens trabalhadores, que são o futuro do sindicalismo, e aumentar o atendimento aos desempregados, que são grande parte dos trabalhadores brasileiros atualmente, também são pontos levantados do Pagani a serem levados em consideração pelo atual movimento sindical para iniciar uma reestruturação.
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