A Força Sindical nacional anunciou nesta segunda-feira, 21, a criação de um “fundo de greve” para os metalúrgicos da Volkswagen-Audi, de São José dos Pinhais (PR). Os recursos serão arrecadados pela central e repassados para os grevistas, já que a empresa quer descontar do salário dos trabalhadores os dias de paralisação. “Estamos solidários e juntos nessa luta com os trabalhadores”, afirma o presidente nacional da Força e deputado federal, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Contando com hoje, a fábrica está sem produzir há 15 dias. Nesse período, 12.320 automóveis já deixaram de ser fabricados. E esses números devem aumentar ainda mais. Em assembléia hoje à tarde, os trabalhadores rejeitaram novamente, por unanimidade, a última proposta de conciliação formulada no TRT e decidiram esperar o julgamento da greve de braços cruzados. Amanhã, dia 22, às 14h, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) realiza nova assembléia em porta de fábrica.

Reivindicações

Na quinta da semana passada (17/09) os metalúrgicos rejeitaram a última proposta da empresa formulada em audiência no TRT, de 7,57% de reajuste em setembro (3% de aumento real + 4,44% de correção de 100% do INPC), abono de R$ 2 mil a ser pago no dia 21/09, e aumento no adicional noturno para 25% a partir de agosto de 2010. Os trabalhadores concordam com o valor e data de pagamento do abono, mas exigem 10% de reajuste salarial em setembro (5,32% de aumento real + 4,44% referente a 100% do INPC). Eles reivindicam também adicional noturno de 30% e que ele seja aplicado imediatamente, e não só no ano que vem.

Os metalúrgicos exigem ainda que a empresa reorganize sua grade salarial, aumentando o número de steps de cinco para 11. O objetivo com isso é de que os trabalhadores de São José dos Pinhais tenham o mesmo nível salarial que os funcionários da unidade de São Bernardo do Campo (SP). Com o impasse, a direção da Volks pediu para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julgar a greve, o que deve ocorrer em breve.

Requião repudia discriminação da Volks com trabalhadores do Paraná

O governador do Paraná, Roberto Requião, fez duras críticas à discriminação da Volkswagen com os trabalhadores da fábrica de São José dos Pinhais (PR). Na abertura do 7º Congresso Estadual da Força Sindical do Paraná, realizada na manhã de ontem, dia 20, o governador se disse “chocado” com o sistema utilizado pela montadora. “Não consigo entender porque lá em São Paulo eles tem onze níveis de salário e aqui no Paraná só tem cinco. A empresa é a mesma, o carro é o mesmo. Isso sem falar que no nosso estado eles ainda tem incentivos fiscais, pagam menos impostos. Essa é uma discriminação absurda e odiosa, sem cabimento. O trabalhador paranaense é tão bom ou até melhor que o trabalhador paulista. Essa prática discriminatória precisa acabar”, criticou Requião.